Diretor do IEMI, Marcelo Prado, diz que é hora dos varejistas do setor adotarem uma postura mais arrojada. “Vai faltar estoque para quem foi conservador e comprou pouco”

O Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) publicou nesta semana dados referentes aos vestuário no varejo do país. De acordo com o diretor do Instituto, Marcelo Prado, as vendas do setor deverão alcançar um valor 2,1 vezes superior à venda média mensal do restante do ano. “A insegurança na formação de estoques pode ser explicada pelos seguintes fatores: ambiente interno do país, com as ameaças de crise, a deterioração das contas públicas, a sangria das estatais, a inflação persistente, investimentos em baixa, juros e dólar em alta”, diz.

Mas para Prado, essa estratégia de suprimento não foi a melhor opção. “Esta tática pode parecer válida para o decorrer do ano todo, mas não no período de Natal, quando há de seis a oito semanas de vendas superaquecidas e o pagamento do 13º salário, que virá engordado de dissídios que superaram a média de 8% de reajuste”, acrescenta. O diretor  comenta ainda que, independente do “astral pouco elevado do varejo relatado pelos jornais, as vendas de produtos de moda e decoração vão andar muito bem no final do ano”.

Os índices do IEMI apontam ainda o crescimento em 2013 de 3,4% em volumes de vendas do comércio varejista de vestuário (acumulado do ano) e de 8,7% em valores nominais. Já sobre a produção industrial, houve queda de 2,2% nas vendas no acumulado do ano e aumento de 1,4% se considerados os valores. As estatísticas abrangem ainda o pessoal ocupado na indústria (alta de 2,6% se comparado a dezembro de 2012 e produtividade 2,1% superior no ano), exportações (US$ 95,9 milhões em produtos exportados de janeiro a agosto desse ano, queda de 2,8% em relação ao mesmo período do ano passado) e importações (US$ 1,6 bilhão, com alta de 8%). O resultado do conjunto da obra é o déficit de 8,7% da balança comercial do vestuário.

Para a Associação Brasileira de Varejo Têxtil (Abvtex) o crescimento das vendas até o momento é satisfatório, mas inferior aos anos anteriores. “Estaríamos no patamar destes anos caso não tivéssemos observado alguns fatores influenciadores como: a variação cambial, que acaba impactando no preço das matérias-primas e do produto final; mudanças climáticas bruscas como o registro de dias quentes no inverno e dias frios e chuvosos no Verão e Primavera; as manifestações que inibem a saída dos consumidores às compras; e ainda o elevado nível de inadimplência e falta de confiança na economia do consumidor brasileiro”, divulgou.

A comerciante Carmen Del Corona, dona da Degriffée, endossa a postura retraída dos varejistas no final de 2013. “Eu enxergo essa época com pessimismo. As vendas no Natal estão piorando a cada ano”, opina.

Confira os gráficos divulgados pelo IEMI:

 

Desempenho Mercado de Vestuário em julho de 2013
. Varejo e Indústria Em volumes físicos (%) Em valores nominais (%)
No mês (1) No ano (2) No mês (1) No ano (2)
Vendas Varejo 3,4% 3,4% 2,9% 8,7%
Produção Industrial 8,5% -2,2% 7,5% 1,4%
Emprego Industrial -0,2% 2,6%
Produtividade 8,3% 2,1%

Fonte: Termômetro IEMI. Notas: (1) variação sobre o mês anterior; (2) variação acumulada no ano sobre igual período do ano anterior.

 

. Valores (em US$ 1.000)1 Jan-Ago 2012 Jan-Ago 2013 Variação (%)
Exportação 98.716 95.967 -2,8%
Importação 1.463.085 1.579.588 8,0%
Saldo -1.364.370 -1.483.621 8,7%

Fonte: Termômetro IEMI. Nota: (1) Inclui roupas de malha e de roupas de tecidos planos.

(Por NoVarejo – Escrito por  Rômulo Madureira) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo