Por Ricardo Pastore, PhD 

Não é demais reafirmar: o crescimento das vendas online, em decorrência das mudanças causadas pela pandemia do coronavírus, está obrigando as empresas a se reinventarem, especialmente aquelas ligadas à atividade varejista.

A participação das vendas pelo e-commerce sobre as vendas totais do comércio varejista ampliado, segundo o IBGE, atingiram em agosto de 2021, a marca de 12,3%. Para se ter uma ideia, no mesmo mês do ano anterior, esse percentual foi de 9,9% e em 2019, foi de 5,6%.

Tal crescimento não se sustenta mantendo-se as organizações estruturadas como estavam antes da pandemia. Novas tecnologias são introduzidas e com elas, novos processos e funcionários com novas habilidades são necessários.

Apaixone-se pelo problema

Lembrando a frase atribuída a Uri Levine, “apaixone-se pelo problema e não pela solução”, 2esperamos que executivos e gestores tenham uma grande dose de paixão, pois problemas não faltam quando o assunto é a educação no varejo pós-pandemia. As empresas ligadas à atividade varejista lidam com grandes contingentes de funcionários, atuando no campo, nas lojas e em centros de distribuição e administrativos. Nesse enorme contingente, temos profissionais de todos os níveis, desde os executivos do C Level, os Heads de áreas, os Gestores Regionais, os Gerentes de Lojas, Gerentes setoriais, Supervisores, Vendedores, Coordenadores, Encarregados, Analistas, Atendentes, Balconistas, Repositores, Promotores de Vendas, enfim, a lista é enorme. 

Além de tempo e dinheiro para atualizar tantas pessoas nas organizações, é necessário estabelecer estratégias após definir onde se pretende chegar.

Qual é a pergunta certa?

Todo problema demanda uma pergunta e saber formulá-la é o primeiro passo para se chegar a boas soluções.

Algumas perguntas vêem de imediato à cabeça dos que têm à frente, o desafio de treinar, capacitar e mudar o mindset de todos os colaboradores. Mas uma coisa é certa: essa não é uma tarefa simples; contar com ajuda é a melhor escolha, afinal não será apenas uma pergunta a ser respondida, mas sim, várias.

E vai depender do grau de disrupção que se pretende promover. Se a empresa é uma seguidora de tendências, promoverá inovações incrementais, mas se for uma empresa líder, não se contentará com inovações que não sejam radicais, disruptivas. 

Soluções ou Projetos?

Antes de definir um fornecedor e temas de possíveis cursos para serem oferecidos internamente, identifique parceiros que o ajudem a formular as perguntas certas. Assim você terá um projeto com consistência necessária para atender a sua demanda.

Algumas premissas são válidas, mas antes de sair fazendo, estude bem todos os problemas que já sabemos existirem e imagine outros que ainda não sabemos. Como fazemos isso? Desenvolvendo projetos visando inovar o processo de educação, treinamento, capacitação e de mudanças de atitudes. 

Academia de Varejo

Diferente das Universidades Corporativas, as Academias são plataformas que integram várias soluções de ensino e aprendizagem. As empresas que adotam esse modelo, podem se concentrar em desenvolver internamente determinados programas para certos públicos, eu diria uma poucos, pois não há capacidade para atender grandes demandas.

Resta portanto, se encarregar do design do modelo, delegando a execução a parceiros externos. Gosto do modelo que parte de um megaevento impactante e segue com temas e formatos adequados para cada público interno, ao longo de todo o ano e ano após ano. É o conceito do Longlife Learning.

Seguindo por essa estratégia, teremos programas ao vivo presenciais e online. Para grandes contingentes, as vídeo-aulas gravadas são a solução, mas apresentam ainda baixo engajamento caso não sejam incrementadas com outros recursos interativos.

Os convênios com universidades são indispensáveis para atender a demanda interna de parte do público que ainda está em formação e demandam vagas em cursos de Graduação, Pós e MBA’s. As escolas de ponta oferecem programas sob medida e consultoria por meio de suas áreas de Educação Executiva.

Convênios com institutos de pesquisa acadêmica e programas de mestrado e doutorado são mais que recomendados, pois a pesquisa por novos conhecimentos é o que diferencia ecossistemas vencedores. Vamos lembrar que o Vale do Silício está em uma região que inclui San Francisco – CA., com recursos abundantes entre eles, financiamento, empresariais e acadêmicos localizados nos centros de pesquisa nas universidades locais, entre elas Stanford e Berkeley. Sem a pesquisa científica, os unicórnios minguam. 

Conclusão

Por estarmos diante da necessidade de reinventar as nossas empresas, consequentemente temos que capacitar os nossos colaboradores. Todos! Não é possível dispensar os que temos para contratar novos já preparados: eles não existem!

Definir uma estratégia, promover o design do modelo, fazer a curadoria de parceiros, fornecedores e tecnologias já é tarefa heróica e alta complexidade para Heads e Gestores das áreas de Educação nas empresas que atuam no varejo.

Lembre-se que é uma atividade holística, pois lida com a disposição a aprender e a mudar por parte de executivos, gestores e colaboradores. Como ser ágil e preciso em situações onde as emoções afloram?

Esse será o fator mais sensível no desenvolvimento e na sobrevivência das empresas. Tecnologias existem e são abundantes. Produtos para serem revendidos, idem.

Mas acredite: diferente dos demais recursos, pessoas aprendem, se desenvolvem e surpreendem.