Há mais de 60 anos, o imigrante italiano Carlo Bauducco iniciava no Brás (SP) a trajetória de sua empresa, até hoje 100% familiar e maior produtora de forneados do Brasil. Na época, sua esposa, seu filho e poucos empregados produziam um bolo com uva-passas e frutas cristalizadas, já muito tradicional na Itália, mas até então desconhecido dos brasileiros.

O produto se espalhou pelo país e, atualmente, o panetone é uma dos principais componentes da ceia de Natal no Brasil. Dados da Nielsen apontam que, de outubro de 2012 a janeiro de 2013, foram vendidos 26.333,3 quilos de do produto aqui, o que representa R$ 476.563,10 de vendas em valor.

Panetone Bauducco

Apesar da tradição familiar, depois da tentativa de venda de uma parcela minoritária da empresa, especula-se no mercado que a Bauducco abrirá capital no ano que vem, com oferta inicial de cerca de R$ 600 milhões. Mas oficialmente a companhia não comenta o assunto e ainda não há registro de pedido de autorização à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O objetivo seria capitalização para continuar a expansão.

Apesar do carro-chefe continuar sendo o panetone, a empresa possui outros produtos como biscoitos, bolos e torradas. Uma diversificação que, segundo especialistas, começou no final da década de 1990, junto com a mudança visual da marca. “Além da mudança na identidade visual, a Bauducco trouxe novos produtos ao seu portfólio, como o wafer, que hoje é o segundo mais vendido do mundo. O processo de entrada no mercado foi interessante, pois começou com preços promocionais. Assim, a empresa disseminou o sabor de sua nova linha em todas as classes. A mudança revigorou a marca e reconstruiu sua relação com o público. O panetone na época representava 99% das vendas. Hoje, é 25%”, diz Célio Mauro Placer, professor de marketing da Fundação Instituto de Administração (FIA).

Segundo Thiago Almeida, professor de Empreendedorismo do Ibmec-RJ, a construção da marca como um guarda-chuva também foi essencial para o sucesso. “O portfólio por microssegmentos, similar ao da Nestlé, também foi importante”, destaca. “Ao passo que se lança uma marca única, em uma propaganda todos os produtos são lembrados”, completa Placer.

Bauducco se prepara para expansão por franquias

A rede de Casas Bauducco completa um ano com quatro lojas abertas. A quinta será inaugurada no Shopping Morumbi ainda este ano. Depois será a vez do Aeroporto de Guarulhos, em abril de 2014. Nas seis unidades, todas em São Paulo, foram investidos R$ 5 milhões.

Até o momento, todas as lojas são próprias, mas segundo Paulo Cardamone, diretor da Casa Bauducco, em julho do ano que vem, começa a expansão por franquias, com o foco nas principais cidades do Sudeste, principalmente estado de São Paulo, Rio capital, Belo Horizonte, além de Brasília.

“Até julho de 2015, vamos abrir de 30 a 50 lojas. Queremos ter 300 lojas até 2018. Do total, apenas de 5% a 10% serão próprias”, diz Cardamone. O investimento inicial da franquia deve ser entre R$ 400 mil e R$ 500 mil. As Casas Bauducco possuem um portfólio exclusivo de itens produzidos em pequena escala em uma unidade independente e semi-artesanal. “Hoje temos capacidade para atender 50 lojas. A expansão industrial vai acontecer conforme formos expandindo as lojas”, diz o executivo.

(Por iG) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo