A Cia. Brasileira de Distribuição Grupo Pão de Açúcar está investindo US$ 500 milhões na construção de mini-shoppings em torno de seus supermercados, com o objetivo de ajudar a impulsionar operações de supermercado do Pão de Açúcar.

A estratégia emprestada da francesa Casino Guichard-Perrachon SA é ofertar academias, lojas de artigos para bebês em shoppings menores e mais intimistas do que os tradicionais, e mais seguros do que as lojas de rua.

“Vemos uma grande oportunidade de aumentar o que nós já temos”, diz Alexandre Vasconcellos, presidente do GPA Malls Properties. “Essa operação deve atender às demandas dos consumidores, gerar margens boas e ajudar nosso negócio de varejo alimentar”.

A estratégia começou no Rio de Janeiro, com o shopping Conviva Américas, que abriu em junho. O valor das propriedades comerciais na Barra da Tijuca dobrou para R$ 10.754 (US$ 4.508) por metro quadrado desde 2008, segundo o ZAP, o site de classificados das Organizações Globo.

Os aluguéis em shoppings devem alcançar cerca de R$ 400 milhões por ano em 3 anos, diz Vasconcellos.

Vendas e aluguéis

Nos próximos três anos, o Pão de Açúcar investirá aproximadamente R$ 1,2 bilhão em shoppings e quase dobrará sua área bruta locável a 500.000 metros quadrados com a construção de centros em suas propriedades, ancorando-os com suas lojas, disse Vasconcellos.

Com a receita obtida dos seus supermercados e inquilinos, a companhia pode vender mais barato do que outros proprietários, afirmou o presidente.

“Estamos oferecendo custos operativos totais inferiores aos dos operadores tradicionais de shoppings”, explicou Vasconcellos. Em alguns shoppings, os custos estão atingindo de 15 por cento a 17 por cento das vendas dos inquilinos, criando dificuldades econômicas para os varejistas, porque em geral eles não podem pagar mais de 10 por cento, disse Vasconcellos. Ele não deu detalhes sobre os preços cobrados pelo Pão de Açúcar.

“Muito estável”

Conviva Américas gera uma renda “muito estável”, que o protege de qualquer potencial desaceleração nas vendas ao consumidor, disse Jean-Charles Naouri, CEO do Casino, em teleconferência em 25 de julho.

A receita esperada dos aluguéis em shoppings é uma parte pequena do faturamento bruto anual da divisão de alimentos do Pão de Açúcar, que totaliza R$ 31 bilhões, mas as margens do negócio de shoppings são bem maiores.

Vasconcellos afirmou que a projeção de lucros antes de juros e outros elementos para os shoppings do Pão de Açúcar é de 70 por cento da receita em 2016 contra 40 por cento da receita atual. Isso superaria amplamente a margem total da companhia, de 4,5 por cento no segundo trimestre.

Um desafio para o Pão de Açúcar será achar bons lugares em cidades brasileiras com saturação de shoppings, explica Daniela Ribeiro Martins, analista de varejo da Concórdia SA em São Paulo.

“Não acho que o Pão de Açúcar consiga abrir muitos shoppings agora, pois observamos que muitos varejistas estão sofrendo um pouco por causa da desaceleração econômica e poderiam começar a apertar o cinto”, disse Martins em entrevista por telefone. “O momento não é muito propício para o setor. É arriscado fazer isso hoje”.

Para ter sucesso, Pão de Açúcar terá que identificar novos mercados e cidades menores, sem tráfego para shoppings grandes, acrescentou Martins, que não tem uma recomendação pronta para as ações e as avalia favoravelmente. De 467 shoppings operando no Brasil, 213 estão nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, segundo a Abrasce.

Vasconcellos afirmou que a estratégia da companhia de desenvolver o espaço em volta dos supermercados é suficientemente flexível para adaptar-se a qualquer desaquecimento.

“Se houver uma queda econômica e tivermos que pisar nos freios, nós podemos prolongar os nossos projetos para não investir tanto”, disse o presidente.

(Por Exame) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo