As lojas Pão de Açúcar se expandem organicamente de forma mais lenta que outras redes do grupo. E entre os anos de 2008 e 2012, apenas em 2011 a varejista cresceu numa taxa acima da média do GPA Alimentar, segundo balanços dos últimos 5 anos.

O que poderia gerar um certo desconforto acaba sendo justificado pelo grupo por razões ligadas ao formato da rede e à sua própria história. O Pão de Açúcar é o modelo de loja mais maduro do grupo. E também o que sofreu menos ajustes nos últimos anos. Com isso, não teve a venda estimulada por mudanças mais profundas. Varejistas que sofrem reestruturações tendem a crescer após os ajustes. “Esse não é o caso da rede. O Pão de Açúcar é a joia da coroa do grupo, tem um formato que cresce sempre, mas menos do que as outras marcas da empresa que enfrentaram mudanças”, diz Manoel de Araújo, sócio da consultoria de varejo Martinez de Araújo.

Com R$ 5,1 bilhões em receita líquida em 2012, alta de 8,9% sobre o ano anterior – em 2011, cresceu 10,5% e em 2010, 12,8% –, o Pão de Açúcar tem de conviver com limitações do modelo, o que também ajuda a entender os números. Não cabe uma loja Pão de Açúcar em todo e qualquer lugar – a bandeira foi criada para atender públicos de renda mais alta. E mesmo que coubesse, seria preciso pagar um preço alto por isso. Seria necessário ocupar espaços em bairros ou cidades mais ricas, onde o preço do metro quadrado foi inflacionado nos últimos anos. “Não temos uma preocupação com a rede. É que a abertura de lojas é mesmo mais difícil”, diz José Roberto Tambasco, vice-presidente de negócios do varejo do GPA.

“Se pudéssemos inaugurar umas 20 lojas ao ano do Pão de Açúcar, a gente ia adorar. O Enéas Pestana, presidente do GPA, não faria qualquer objeção. O que ocorre é que não temos terreno para isso. Às vezes esperamos anos por um ponto com preço aceitável e boa localização”, diz Tambasco. Questionado sobre pressões maiores da concorrência, de empresários que têm aberto lojas e empórios nos últimos anos, o executivo informa que a participação de mercado da rede está estável.

Dados da Nielsen apurados pelo jornal Valor Econômico mostram que, nos últimos 12 meses, a participação de mercado da rede nas vendas (em valor) no País tem ficado entre 5,7% e 5,8%. Ou seja, sem abrir tantas lojas, a rede mantém a participação num setor em crescimento. No entanto, números do balanço mostram queda nos índice de produtividade. A venda por metro quadrado da rede cresceu 4,8% em 2012, 6,4% em 2011 e 9,3% em 2010.

Acaba sendo mais fácil e barato abrir um Minimercado Extra, por exemplo, com menor margem de lucro por área, mas que tem trazido resultados e com custo de abertura que equivale a cerca de 5% de um Pão de Açúcar. Enquanto o Pão de Açúcar soma 165 supermercados hoje, com abertura média de 5 lojas ao ano, o minimercado tem cerca de 120 e abriu 12 lojas só no primeiro trimestre.

Há um projeto de expansão para a bandeira Pão de Açúcar em novas praças, onde há sinais de expansão das classes mais altas, especialmente no Centro-Oeste. Cidades como Campo Grande (MS) e Goiânia (GO) estão no projeto de abertura no período 2013/2014. Belo Horizonte (MG) também está entre as prioridades. Neste ano devem ser inauguradas seis unidades da bandeira e 20 outras serão reinaugurações. Foram só três aberturas em 2012 e três em 2011.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo