Uma pesquisa do Sebrae mostrou o número de mulheres à frente de microempreendimentos tem crescido muito no Brasil, especialmente no que diz respeito ao comércio e à prestação de serviços.
Entre as atividades mais frequentes entre as mulheres em todo o Brasil está o varejo de artigos de vestuário e acessórios, que registra 75% de participação de mulheres no comando. É a prova de que as brasileiras estão entre as mais empreendedoras do mundo. E nessa lista, certamente aparece a lojista Sirlei Colle Dias (foto), de 77 anos, que por causa das clientes, passou a ser mais conhecida como Shirley, dona da Shirley Modas com lojas no Shopping Jardim das Américas e também na rua Getulio Vargas, no bairro Água Verde, em Curitiba. “Todo mundo dizia: vou lá na Shirley, vou lá na Shirley… e meu nome que é Sirlei acabou virando Shirley”, conta a lojista que há 40 anos resolveu abrir uma portinha no Água Verde e hoje tem duas lojas e 12 funcionárias.
A filha de Sirlei (ou Shirley), Lizandra Telles, sócia-proprietária das lojas, conta que a mãe sempre teve perfil de empreendedora. “Até hoje, aos 77 anos, minha mãe não deixa de ir para trás do balcão. Não adianta falar para ela descansar, ficar em casa que, no outro dia, lá está ela trabalhando. É a típica mulher empreendedora”, conta a filha orgulhosa.
Mas do tempo em que a dona Sirlei começou, na década de 70, até hoje, o perfil dos novos empreendedores brasileiros mudou bastante. Comparando apenas os últimos 10 anos, o salto já e gigante. Se, em 2001, havia 71% de homens a frente de novos negócios contra apenas 29% de mulheres, em 2010, essa razão quase se iguala: entre os que chefiam empreendimentos novos há 51% de homens e 49% de mulheres, de acordo com pesquisa realizada pelo SEBRAE e Global Entreperneuship.
“Convivo com muitas mulheres que comandam lojas e posso te dizer, sem modéstia, que nós mulheres temos um feeling especial na hora de comprar para vender. E tem outro detalhe, na nossa loja, por exemplo, o segredo é bater papo com a cliente, saber o que ela quer, só assim é possível ter sucesso”, conta Lizandra.
No comando
A última grande pesquisa feita sobre o assunto, da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), mostrou ainda que as as mulheres são metade dos empreendedores brasileiros (49,3%), o que representa 10,4 milhões de mulheres comandando suas empresas. Um outro levantamento feito pelo Sebrae aponta que de cada 100 Empreendedores Individuais (MEI), 45 são mulheres. E cerca de 61 mil delas estão à frente de uma franquia, que fatura até 32% a mais do que as lojas gerenciadas por homens, segundo a consultoria Rizzo Franchise, especializada nesse tipo de negócio. Ao todo, as mulheres são responsáveis pelo sustento de 35% dos lares brasileiros.
E quando se fala em comando, vale destacar que, além dos cargos de direção, as mulheres também são maioria nos cargos de gerência do setor de varejo de vestuário e acessórios. É o caso da gerente da Loja Kipling, do Shopping Mueller, Angela Lechechen, de 29 anos. Ela conta que toda a rede Kipling tem mulheres na gerência. “A rede Kipling em todo o país tem 32 gerentes e todas são mulheres. Vendemos bolsas e acessórios e não é a toa que as mulheres têm mais facilidade”, conta Angela.
Educação
O aumento da participação feminina na vida econômica do país está intimamente ligado ao avanço delas na formação educacional e também nas mudanças na estrutura familiar. Hoje, as famílias possuem menor número de filhos e novos valores relativos à inserção da mulher na sociedade.
As mulheres investem no empreendedorismo pela mesma razão que os homens, ou seja, visando o sustento de si mesmas e de suas famílias, o enriquecimento de suas vidas com uma carreira e pela independência financeira.
Segundo a economista e pesquisadora Gina Paladino, que acompanhou o estudo GEM 2010, entre as principais características femininas no empreendedorismo estão um maior nível de preparo: elas planejam melhor e procuram compreender mais o mercado onde atuam.
Quanto aos empreendimentos criados pelas mulheres, a taxa de sobrevivência é maior. São negócios menores e tendem a estar no setor de serviços, como aponta levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) para a pesquisa GEM 2010. Em 33% dos casos, as mulheres preferem atividades ligadas ao comércio varejista, 20% investem em alimentação, e 12% na indústria de transformação.
Confira as atividades mais frequentes entre as mulheres em todo o Brasil:
Atividade | Número | Percentual |
Varejo de artigos do vestuário e acessórios | 159.961 | 75% |
Cabeleireiros | 115.493 | 77% |
Obras de alvenaria | 1.654 |
3% |
Lanchonetes, casas de chá,de sucos e similares | 33.223 | 56% |
Varejo de mercadorias (minimercados,
mercearias e armazéns) |
25.115 | 47% |
Bares | 23.395 | 46% |
Atividades de estética e outros
serviços de cuidados com a beleza |
46.076 | 97% |
Fornecimento de alimentos preparados
preponderantemente para consumo domiciliar |
30.518 | 77% |
Instalação e manutenção elétrica | 2.606 | 7% |
Reparação e manutenção de computadores
e equipamentos periféricos |
4.006 | 11% |
(Por Sindishopping) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo