O Brasil tem o maior mercado mundial de perfumes. Estima-se que O Boticáriodeva cerca de 70% de suas vendas aos frascos que levam seu nome. O retrato poderia sugerir um modelo de negócios tranquilo para a empresa, maior rede de franquias do país, com faturamento de 5,5 bilhões de reais em 2011. Mas a companhia vem investindo pesado para se destacar em outro segmento no qual o Brasil também tem seu lugar no pódio – o da maquiagem.

A última aposta veio à tona na semana passada, com o lançamento da quem disse, berenice? (assim, com letras minúsculas e interrogação). Depois de dois anos de pesquisas, a marca surgiu como braço do Grupo Boticário, criado em 2010 para abrigar as demais investidas da empresa. Até o final do ano, serão sete lojas inauguradas em São Paulo. O e-commerce deverá entregar para todo o Brasil a partir de setembro.

Apesar de não revelar o volume de recursos injetados no projeto, Artur Grynbaum, presidente do Grupo, afirma que a quem disse, berenice? quer ser “a especialista em maquiagem no mercado nacional”. Um mercado, aliás, que não para de crescer. Segundo a Euromonitor, a venda de maquiagens movimentou 3,7 bilhões de reais no ano passado. A expansão foi, em média, de 23,5% ao ano de 2006 para cá. Se continuar no mesmo ritmo, o Brasil poderá ser o segundo maior consumidor de maquiagem já no ano que vem.

Para assumir papel de protagonista na festa, a quem disse, berenice? quer fisgar as consumidoras pela variedade, um atributo que costuma ser mais associado às linhas internacionais que às suas concorrentes daqui. Não por menos, a marca nasceu com um portfólio de 500 produtos. Só para chegar aos 18 tons de base expostos nos estandes, a empresa avaliou a cor da pele de quase 250 brasileiras diferentes.

A faixa de preço dos itens não se distancia da encontrada nas lojas de O Boticário (um batom fica entre 7,90 e 21,90 reais). Mas a proposta de atendimento é outra: as consumidoras são incentivadas a provarem com liberdade os produtos ofertados, em um sistema de “autosserviço” – ou “playground”, como define Grynbaum.

Espelho meu

Na prática, é o mesmo modelo adotado pela Sephora, responsável por consagrar a empresa como uma das grandes revendedoras globais de maquiagem. Controlada pelo grupo grupo francês de luxo LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton), a marca causou frisson ao abrir as portas de sua primeira loja no país, há pouco mais de um mês, trazendo uma série de marcas que ainda não eram vendidas por aqui, como Urban Decay, Nars e Make Up Forever.

(Por Exame) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo