Aplicativo permite a executivos da Marisa acompanhar movimento segundo a segundo nas 342 unidades da rede.

No início de julho, Mendel Szlejf, da Lojas Marisa, esteve em Amsterdã, na Holanda, com a missão de fazer uma apresentação para uma plateia de 1,5 mil ouvintes, na maioria europeus.

Ao contrário do que se pode pensar, o assunto não era varejo, e sim tecnologia. Isso por que a empresa brasileira vem se tornando referência no mercado internacional com projetos relacionados à mobilidade e disponibilização de informações em tempo real.

Szlefj, que é diretor de tecnologia da rede varejista há 16 anos, mostrou em Amsterdã que na Marisa os diretores e gerentes podem acompanhar todos os dados relativos a cada uma das 342 lojas da rede, via iPad, atualizados segundo a segundo.

O sistema permite, por exemplo, acessar informações relativas às vendas de um produto específico, possibilitando uma rápida resposta da empresa às oscilações de oferta e demanda típicas do varejo.

O projeto virou referência e acabou levando o prêmio de melhor aplicativo de mobilidade do mundo, dado pela MicroStrategy, empresa de tecnologia organizadora do evento de Amsterdã.

“Com o aplicativo, é possível tomar decisões mais rápidas e assertivas”, afirma Szlejf. Segundo ele, o próximo passo é prover aos executivos a análise dessas informações, também em tempo real. Isso será possível por meio de uma nova tecnologia desenvolvida pela SAP chamada Hana.

O Hana, segundo a SAP, permite às organizações analisar grandes volumes de informação detalhada. Ou seja, com essa tecnologia será possível examinar instantaneamente todos os dados em tempo real, colocando “inteligência” na montanha de informações. Será possível fazer isso a partir de qualquer fonte de dados por meio da chamada computação em memória (in-memory).

Para se ter uma ideia da importância dessa nova tecnologia para a SAP, a empresa anunciou investimentos de cerca de US$ 500 milhões em ações voltadas para a plataforma Hana em abril deste ano. Na Marisa, a computação in memory permitirá, por exemplo, identificar possíveis fraudes nas lojas. “Se uma pessoa com o mesmo CPF estiver comprando em duas lojas ao mesmo tempo, o sistema pode emitir um alerta em tempo real”, explica Szlejf.

O Hana também possibilitará outras questões como a análise em tempo real do que está sendo falado sobre as lojas nas redes sociais. A Marisa é uma das primeiras empresas do Brasil a adotar o Hana. “A tecnologia deve entrar em uso até outubro”, afirma o executivo.

Identificação do cliente

Além da disponibilização de informações em tempo real, tecnologias para identificação dos clientes nas lojas também estão na mira de Szlejf. A empresa está testando o uso de radiofrequência (RFID) para conseguir saber exatamente quando um cliente importante adentra a loja da Marisa.

O processo funciona da seguinte maneira: o chip do cartão Marisa do cliente é identificado por antenas da loja no momento em que a pessoa entra na unidade.

Ao identificar que se trata de um cliente estratégico, que faz compras com frequência, o sistema envia um alerta via SMS para a gerência da loja. Dessa forma, é possível enviar um funcionário para receber o cliente e fazer um atendimento mais personalizado.

Segundo Szlejf, a tecnologia de identificação via cartão ainda está em fase de testes e não há previsão de quando pode entrar em funcionamento nas lojas da rede.

(Por Brasil Econômico) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo