A estimativa consta dos resultados da pesquisa De Volta ao País do Futuro, divulgada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV). Nos próximos dois anos, 12,5 milhões de pessoas entrarão na classe C e 6,5 milhões vão chegar às classes A e B.
De acordo com o estudo, as classes A e B somadas vão crescer 29,3% no período, mais do que o crescimento de 11,9% previsto para a classe C. “A classe AB já cresceu, mas vai crescer muito mais rapidamente do que a classe C até 2014”, prevê o economista Marcelo Neri, coordenador do levantamento, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Daqui a pouco, vamos estar falando da nova classe AB como se fala hoje da nova classe C”, afirma ele.
A pesquisa mostra que, em pouco mais de duas décadas, o Brasil deve multiplicar por 2,3 vezes o tamanho das classes A e B somadas. Em 1993, antes da estabilidade econômica, as duas classes juntas somavam 8,8 milhões de pessoas. As mudanças na pirâmide de classes brasileiras projetadas pela pesquisa estimam que, entre 1993 e 2014, 20,2 milhões de pessoas entrarão nas classes A e B.
No mesmo período, outros 72,3 milhões de pessoas devem chegar à classe C, número 1,5 vez maior que os 45,6 milhões que estavam na classe C em 1993. Para Neri, as duas últimas décadas foram notáveis para o crescimento do País e a diminuição da desigualdade depois da chamada década perdida, como ficou conhecido o período da década de 1980 e do começo da década de 1990.
Para o economista, a estabilidade econômica proporcionada pelo Plano Real e o crescimento com distribuição de renda que houve no Brasil, somados à melhora nos níveis de educação da população nas duas últimas décadas, são responsáveis pelo progresso atual. “O que muda o Brasil é fazer mais do mesmo”, diz o economista. Entre 2003 e 2011, a média de anos de estudo entre os homens cresceu 13,1%. Entre as mulheres, esse aumento foi de 12,3%.
“A desigualdade social no Brasil está no piso de sua série histórica”, afirma Neri. O levantamento divulgado indica que a desigualdade no Brasil vem caindo por 11 anos consecutivos.
(Por Valor Econômico) Varejo, Núcleo de Estudos do Varejo