O e-commerce tem sido o centro da atenção para o varejo na pandemia. Em 2020, o setor apresentou um crescimento expressivo e a projeção dos principais estudos sobre o varejo digital é que, em 2021, esse aumento continue. E um dos destaques para este ano são as plataformas asiáticas.
Só em fevereiro de 2021, segundo o Relatório E-commerce no Brasil — realizado pela agência Conversion —, o comércio eletrônico atingiu 1,49 bilhão de acessos, um aumento de 21% em relação ao mesmo período em 2020. Entre os setores com maior aumento, entretanto, há uma atenção especial aos produtos importados YoY (Year over Year – ano após ano). O relatório mostra que houve um crescimento de 51,43% nesse setor, que pode ser encarado como um reflexo do crescimento das plataformas asiáticas — em especial chinesas — de compra online no país.
“Os sites chineses, apesar do tempo de entrega, atraem pelo preço mais baixo e devem ser considerados concorrentes dos varejistas locais”, diz Diego Ivo, fundador da Conversion.
Impactos das plataformas asiáticas
Não é novidade que o mercado asiático sai na frente quando o assunto é comércio eletrônico. Nos últimos anos, alguns dos países da Ásia se sobressaíram ante o crescimento do e-commerce, como pode ser observado na China: estima-se que o varejo digital do país ultrapassará o físico em 2021, de acordo com o levantamento do Emarketer.
Por aqui, esse impacto acabou atingindo os brasileiros. Os dados da Conversion mostram que a Shopee (Singapura) e a Shein (China), por exemplo, compreenderam um total de 33% do setor de importados no e-commerce do Brasil em fevereiro. As companhias também foram as únicas do segmento que tiveram aumento no market share.
Vale destacar que em janeiro de 2021, ambas as plataformas tiveram os maiores crescimentos no YoY, de 1464% para a Shopee e 522% para a Shein entre todos os sites analisados pela pesquisa.
“Preços menores, variedade de produtos, tecnologias avançadas, logística eficiente e soluções locais de pagamento são os principais pontos que justificam o crescimento exponencial do e-commerce asiático no Brasil. Sem contar que a China, país que lidera tal crescimento, é o maior mercado digital do mundo”, destaca Diego.
No mercado de produtos importados, a presença dessas plataformas no Brasil compreende um espaço importante, com grande audiência. O relatório da Conversion mostra que no Share of Search (participação nas buscas) os sites asiáticos já somam quase a metade de todo o volume de pesquisas na internet para o seguimento, atrás apenas da Amazon — bastante popular e disseminada no Brasil.
Por causa da pandemia e do avanço tecnológico que ela trouxe, a tendência é que essas empresas cresçam cada vez mais no Brasil. “A pandemia acelerou a transformação digital necessária para o avanço do e-commerce no Brasil. É fato: vendas omnichannel ou totalmente online vieram para ficar. Soma-se a isso o aumento de brasileiros conectados, que têm realizado cada vez mais transações por meio do smartphone”, completa Diego.
O segredo da popularidade
No Brasil, a popularidade das plataformas asiáticas tem crescido entre os consumidores de compras internacionais. Ainda que esse consumo não seja tão padrão — afinal, ainda há uma grande parcela de pessoas que não se sente segura com a entrega —, o valor e a qualidade dos produtos chamam a atenção quando comparados em outras plataformas digitais do varejo brasileiras.
As barreiras que essas plataformas enfrentam por aqui estão também relacionadas à geografia do país. “A logística e o tamanho do Brasil são os principais desafios para os e-commerces asiáticos. Além disso, aspectos como confiabilidade de marca e valor do frete ainda podem ser entraves”, explica Diego.
Outro destaque para o aumento do consumo nessas plataformas é a divulgação em redes sociais e plataformas de interação. Só para a Shein, por exemplo, há uma quantidade imensa de influenciadoras que postam vídeos, reviews e artigos sobre peças adquiridas pela marca. Elas não apenas exibem os produtos como também explicam todo o processo de compra.
Redes sociais como o Instagram e o TikTok também estão populares com esse conteúdo, além de apresentarem anúncios e publicidades das marcas asiáticas, com produtos que integram o algoritmo de busca de seus usuários. A presença de conteúdos gerados por influenciadores e mesmo por entusiastas — que não têm qualquer conexão publicitária com as marcas, apenas exibem os produtos nas redes — influencia que mais pessoas passem a confiar e conhecer essas plataformas.
(Por NoVarejo – Luiza Vilela)
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