Em março, o Índice de Estoques (IE), contabilizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), apresentou alta de 4,5% com relação ao mesmo período do ano passado. Frente a fevereiro, a alta foi de 1,4%, chegando a 98,9 pontos. O crescimento do indicador no mês foi motivado pela queda de 0,7 ponto porcentual (p.p.) na parcela de empresários que afirmaram estar com estoques abaixo do ideal que passou de 14,4% em fevereiro para 13,7% em março.

Ao mesmo tempo, a proporção de empresários que afirmaram estar com estoques acima do adequado registrou leve alta de 0,2 p.p. ao passar de 36,5% em fevereiro para 36,7% em março. Adicionalmente, 49,3% dos varejistas declararam ter o nível adequado de estoques, alta de 0,7 p.p. em relação ao mês anterior, mas muito abaixo do registrado em 2015, quando essa parcela rondava os 60%. O IE capta a percepção dos comerciantes sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas e varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca dos cem pontos é o limite entre inadequação e adequação.

A entidade lembra que os diferenciais entre estoques acima e abaixo voltaram a subir um pouco pelo segundo mês consecutivo e a proporção de empresários com excesso de produtos nas prateleiras tem se mantido acima do esperado, após um curto período de uma trajetória de queda muito gradual destes números.

A expectativa era que os dados posteriores ao Natal fossem apenas um retrato do mau momento, mas que com as promoções de vendas no primeiro trimestre e com a provável retomada gradativa da atividade, o excesso de estocagem fosse se ajustando. Os resultados mostram, porém, que isso não está acontecendo. Assim, a FecomercioSP analisa que os empresários esperem um pouco antes de aderirem ao momento de maior otimismo no quesito encomendas, até resolverem seus problemas de giro de mercadorias.

Estratégias
A federação dá algumas diretrizes para os varejistas nesse sentido. Para aqueles que estão em ramos sazonais (moda e vestuário, por exemplo), a recomendação é fazer novas encomendas aos poucos e acelerar as promoções agora, próximo do final da estação de calor e férias.

Para os demais setores, é necessário acompanhar o desempenho de perto, com consciência da possibilidade de retomada, mas sem entusiasmos. Ainda existe uma forte necessidade de equilíbrio e mesmo após mais de dois anos de recessão, empresários e analistas precisam conter a ansiedade em ver os resultados, que virão, no entanto, com certa lentidão. Esse é o caso do ajuste de estoques, que continua a se manter muito elevado para os padrões históricos do varejo paulistano.

A FecomercioSP aponta que não será possível um ajuste de estoques muito rápido para segmentos dependentes de crédito, mas para vestuário e calçados, além de alguns eletroeletrônicos mais simples e baratos, pode ser que o efeito seja mais rápido.

(Por NoVarejo – Raisa Covre) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM