A queda no preço das ações de varejistas e indústrias de consumo, como reflexo da maior aversão de investidores a risco, afeta mais duramente o Grupo Pão de Açúcar (GPA). A empresa vale menos do que a Lojas Americanas, que fatura quatro vezes menos.

Relatórios de bancos revisando o preço-alvo do GPA ajudaram a compor esse cenário de desvalorização do papel. Até então, quarta maior empresa de consumo em termos de valor em bolsa (atrás de Ambev, BRF e Souza Cruz), o GPA perdeu a posição para a loja de departamentos. GPA fechou a semana valendo R$ 14,9 bilhões e a rede de lojas de departamento, R$ 18 bilhões.

Enquanto GPA acumula vendas líquidas de R$ 33,3 bilhões de janeiro a junho (alta de 10,4% em relação a igual período do ano passado), a Lojas Americanas (incluindo seus sites) tem um quarto disso, ou R$ 8 bilhões, com alta de 15%.

Na sexta-feira (18.09), as PNs do GPA fecharam o pregão com queda de 6,96%, apesar de a agência de risco Standard & Poor’s ter divulgado nota reafirmando ratings de crédito da varejista, com perspectiva se mantendo positiva. No acumulado do ano, as PNs da loja de departamentos caem 1,45%. No GPA, a queda é de 42,5%.

Analistas dizem que as duas varejistas sofrem com o fraco ambiente de consumo, mas há maior volume de análises negativas envolvendo o GPA. Para supermercados, a expectativa agora é de queda 0,3% nas vendas deste ano, segundo a Abras, associação do setor.

Na mesma sexta-feira, o banco UBS reduziu o preço-alvo das ações do GPA de R$ 97 para R$ 91 em meio a preocupações com a Via Varejo, maior varejista de eletroeletrônicos do País, com as bandeiras Casas Bahia e Ponto Frio e controlada pelo GPA. A Via Varejo deve contribuir menos para o resultado do conglomerado, segundo o banco. Um dia antes, o UBS havia reduzido as estimativas de lucro por ação da varejista de eletrônicos em 35% para 2015 e em 39% para 2016. O preço-alvo caiu de R$ 17 para R$ 7,80 por ação e a recomendação passou de compra para neutra. Sobre GPA, a recomendação é de compra do papel, pois apesar da redução no preço-alvo, o banco não vê expectativa de mudança nos fundamentos do negócio.

Antes do relatório do UBS, o Itaú informou redução no preço-alvo do GPA de R$ 100 para R$ 80 para 2016. Em agosto, o HSBC disse em relatório que o desempenho da divisão alimentar continua insuficiente para atrair investidores, e espera “finalmente” ver algum ganho de margem nos sites da empresa no fim do ano. O preço-alvo da ação passou de R$ 80 para R$ 77, ainda um ganho frente à cotação de R$ 56 da sexta-feira.

A análise mais favorável ao GPA na semana passada veio da Standard & Poor’s (S&P), que anunciou na sexta-feira a manutenção dos ratings de crédito do Grupo Pão de Açúcar (em brAA ), com perspectiva positiva. A agência entendeu que a empresa deve manter posição de mercado e nível de endividamento estável.

Ajustes de preço envolvendo o GPA acontecem num momento em que Lojas Americanas também sente o mau humor dos investidores e perde valor, mas sua queda é mais lenta que a do GPA. Dias atrás, analistas do Itaú BBA disseram que, apesar da piora no consumo, a operação das lojas físicas da Lojas Americanas registra resultados resistentes.

Para analistas do BTG Pactual, a Lojas Americanas continua crescendo e implantou medidas que têm trazido resultados, segundo relatório de agosto. Apesar da piora no quadro econômico, a Lojas Americanas conseguiu, diz o banco, apresentar neste ano melhora na margem de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações.

(Por Eletrolar.com) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM