Habituadas às frequentes solicitações do Walmart por preços cada vez menores, desta vez, as indústrias estão se mobilizando para rejeitar as medidas implementadas pela gigante varejista em junho deste ano. A empresa enviou cartas aos seus 10 mil fornecedores nos Estados Unidos. Nelas, a varejista pede taxas pelo uso dos centros de distribuição e maiores prazos de pagamento.
As indústrias alegam que as medidas podem afetar seus lucros. Algumas vêem a nova política como uma forma de a rede aumentar suas margens e compensar o aumento nos salários concedidos este ano. “Qualquer fornecedor estabelecido que faz negócio com o Walmart já está oferecendo de todas as maneiras os menores preços possíveis”, disse Carol Spieckerman, consultora que trabalha com vários fornecedores do Walmart. “Portanto, essas taxas certamente são um problema.”
Segundo o Walmart, as medidas foram adotadas para simplificar as relações com as empresas e reduzir custos. A ideia é continuar a oferecer preços baixos ao consumidor. Deisha Barnett, porta-voz da varejista, disse ainda que as taxas serão empregadas na revitalização dos negócios nos Estados Unidos.
Duas fabricantes, donas de marcas bastante reconhecidas, que não quiseram se identificar, recusaram as condições e pretendem usar sua influência para reverter a situação. Outras ainda estão contratando advogados alegando que a proposta vai afetar os negócios e esperam mudança nos termos. “O surpreendente, desta vez, é que eles estão sendo agressivos não em pedir que os fornecedores eliminem custos do sistema para reduzir preços, e sim ao agregar custos ao sistema”, afirma Leon Nicholas, vice-presidente sênior da Kantar Retail, que presta consultoria para dezenas de fornecedores do Walmart.
Segundo o executivo, as indústrias que não aceitarem as propostas podem ser punidas pelo grupo. A rede poderá diminuir seus espaços nas prateleiras e deslocá-las para posições menos favoráveis. Marcas fortes como Tide e Huggies não correm o risco de desaparecer das gôndolas, mas isso poderá ocorrer com fornecedores menores que não têm marcas tão conhecidas, afirma Nicholas.
Embora as mudanças seja dolorosas para os fornecedores, a consultora Carol Spieckerman acredita que elas tenham um efeito positivo. Para ela, os investimentos que o Walmart tem feito nas lojas, na internet e na cadeia de fornecimento vão beneficiar os fabricantes em longo prazo. “Essas taxas são resultado de uma nova realidade para o varejo. É o preço não só de se vender coisas para o Walmart, mas de impulsionar a enorme plataforma do Walmart.”
A varejista é o maior cliente de muitas companhias, como General Mills, Kellogg e Hanesbrands. Essas empresas obtêm mais de 20% de suas receitas com a rede, segundo dados compilados pela Bloomberg.
(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM, Walmart