A perspectiva de que a economia permanecerá arrefecida no segundo semestre tem sido motivo de preocupação para as redes de vestuário. Afinal, pesquisas indicam que para o consumidor, roupas e acessórios estão na lista de itens supérfluos e que podem deixar de ser comprados.
Desta forma, os empresários terão de ser mais rápidos na tomada de decisão para tentar compreender as mudanças bruscas pelas quais o varejo tem passado. “A situação piorou de forma muito rápida, o que prejudicou as empresas no período”, afirmou o diretor de relações institucionais da Virtual Gate, Caio Camargo.
Segundo o especialista, por mais planejamento que se faça, a questão meteorológica e o ânimo do consumidor afeta de forma negativa o segmento de vestuário. “Mais uma vez o inverno não veio . E acredito que algumas coleções não devem ter agradado muito os clientes.”
Resultados
No segundo trimestre deste ano, entre as principais redes do setor – Riachuelo, Hering, Marisa e Lojas Renner -, a única que apresentou resultado positivo foi a Renner. No balanço, a varejista reportou receita líquida das vendas de mercadorias de R$ 1.354,2 milhões, com crescimento de 21,9% ante ao mesmo período de 2014, “refletindo a boa aceitação das coleções, combinada com os desempenhos do Dias das Mães e Namorados”.
As outras marcas apresentaram redução nas margens e estoques excedentes, sendo a Marisa a que mais chamou atenção, pelo prejuízo líquido de R$ 20,3 milhões no segundo trimestre de 2015. “A Marisa foi a que menos investiu em reposicionamento. A Riachuelo investiu em loja na Oscar Freire, a Renner melhorou o ambiente de lojas, mas não houve movimentação da Marisa”, argumentou Camargo.
Para ele, além do inverno que não aconteceu, todas os players “sem exceção” sofrem justamente devido aos seus tamanhos. “Quanto maior a empresa, maior a inércia”, enfatizou o especialista em varejo.
Segundo semestre
Para o próximo semestre, a expectativa é de que o cenário permaneça o mesmo. Logo ser assertivo na coleção primavera/verão e torcer para que a meteorologia ajude são possibilidades. “Quem trabalha com moda precisa de um certo tempo para a criação e para o desenvolvimento das coleções. É muito complicado dizer como as redes vão agir no período, mas ter esses fatores a favor é positivo”, explicou o diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Sidnei Abreu.
Segundo afirmou o especialista, outro fator que deve também ser levado em conta diz respeito ao atual humor dos consumidores brasileiros. “Como nada sinaliza para uma melhora, as incertezas que o consumidor vive no momento (desemprego, inadimplência, menor otimismo) vão continuar a pesar sobre o varejo de vestuário”, disse Abreu ao que completou: “Isso não é ‘privilégio só dos grandes, as lojas populares também sofrem com o momento do País”.
Setor
Um indicador que apontou a deteriorização do vestuário ao longo do ano foi a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista do Estado de São Paulo (PCCV), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Em maio, a entidade apurou que o setor apresentou queda de 7,2% no faturamento no acumulado de janeiro a maio. Isso enfatiza a mudança de hábito do consumidor, que passou a conter mais seus gastos.
(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM