O crescimento de vendas em supermercados de produtos típicos de fim de ano deve mostrar ligeira baixa em relação ao desempenho estimado para o período em 2013, em meio à desaceleração do faturamento do setor em ano de fraca atividade econômica.
A expectativa é de alta de 14,1 por cento na venda desses itens durante o período natalino – que ganha força a partir da segunda semana de dezembro – contra estimativa de 14,9 por cento feita para igual etapa do ano passado, conforme divulgou a associação que representa os supermercados no país, Abras, nesta quarta-feira.
Apesar do ligeiro recuo, o presidente do conselho consultivo da entidade, Sussumu Honda, classificou as projeções para este ano como positivas, depois que a Copa do Mundo e eleições interferiram na frequência de compras em supermercados no ano.
Em um grupo de nove produtos de época, a expectativa dos supermercadistas para 2014 só supera a de 2013 para a venda de lombo e tender, sendo menor para itens tradicionais como panetone, bebidas natalinas e peru.
Para os produtos importados em geral, a perspectiva também é de menor crescimento de vendas em 2014, de 7,7 por cento contra projeção de 10 por cento no ano passado.
Segundo Honda, as expectativas podem ter sido afetadas pelo fato do desempenho de vendas no Natal do ano passado ter ficado abaixo do esperado. A Abras não divulga o resultado para o período de festas de fim de ano especificamente, mas em dezembro cheio as vendas reais tiveram crescimento de 2,87 por cento na comparação anual, em avanço inferior ao apresentado em meses anteriores.
“Queremos mais este ano, crescimento do ano passado foi muito ruim”, disse Sussumu, estimando alta de 4 a 5 por cento para as vendas de dezembro neste ano, sobre a já mencionada base fraca de 2013.
DESEMPENHO MENSAL Em setembro somente, as vendas reais dos supermercados no Brasil subiram 2,91 por cento sobre igual mês do ano passado, mas caíram 4,86 por cento na comparação com agosto, desfavorecidas pelo calendário com menos fins de semana.
O resultado surpreendeu positivamente a Abras, que agora vê a possibilidade do crescimento anual superar sua estimativa anterior de 1,9 por cento, que havia sido ajustada para baixo em agosto.
“Setembro fez sinalização boa”, afirmou Honda, acrescentando ver um sentimento mais positivo para o último trimestre após o fim da eleições e expectativa generalizada da presidente reeleita Dilma Rousseff anunciar mudanças em sua equipe econômica.
No acumulado dos nove primeiros meses de 2014, as vendas deflacionadas nos supermercados tiveram alta de 1,77 por cento sobre um ano antes. No mesmo intervalo do ano passado, o avanço havia sido de 4,94 por cento.
CESTA Em setembro, o preço da cesta AbrasMercado, com 35 produtos de amplo consumo pesquisados pela GfK, subiu 0,9 por cento sobre o mês anterior, a 371,17 reais, interrompendo três meses consecutivos de queda.
A alta ficou acima da variação de 0,57 por cento da inflação medida pelo IPCA, e da subida de 0,78 por cento do IPCA-Alimentos. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a cesta ficou 5,28 por cento mais cara.
Os produtos com maiores altas ante agosto foram cebola (+8,78 por cento), biscoito cream cracker (+4,89 por cento) e carne traseiro (+3,33 por cento). Por outro lado, as maiores baixas foram sofridas pela batata (-6,40 por cento), tomate (-5,19 por cento) e ovo (-3,95 por cento).
Após levantamento informal com suas associadas, a Abras apontou durante coletiva de imprensa que os supermercados da Grande São Paulo estão vendo aumento da demanda por água mineral em meio à crise de abastecimento hídrico na região, um movimento que já está provocando a elevação dos preços, embora o aumento ainda seja “muito baixo”.
(Por Exame) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM