Apesar da proximidade geográfica, diferenças entre os hábitos de consumo do público de São Paulo e do Rio de Janeiro exigem jogo de cintura das franquias cariocas que tentam crescer no mercado paulista.A rede de temakis Koni Store e a pizzaria Domino’s Pizza, que abriram suas primeiras unidades em lojas de rua no Rio de Janeiro, tiveram de entrar em shopping centers em São Paulo. A Megamatte, que faz sucesso com chá gelado e sucos no Rio, investe em café gourmet para conquistar os paulistas.
Antônio Moreira Leite, 37, presidente da Trigo Franquias, dona das marcas Domino’s Pizza, originária dos EUA, Koni Store e Spoleto, ambas cariocas, diz que a expansão das redes em São Paulo não foi fácil.
“De 2008 a 2013, tivemos uma Koni Store no Itaim Bibi, bairro nobre de São Paulo, que ia bem, mas não atingia o resultado esperado pela rede para acelerar o crescimento em São Paulo. Há cerca de três meses, inauguramos uma unidade no Shopping Metrô Santa Cruz, que já fatura mais do que a primeira.”
Essa é apenas a segunda unidade da marca na capital paulista. Há outras cinco unidades no interior. A rede Koni Store tem 81 lojas no país, 48 delas concentradas no Estado do Rio de Janeiro e outras 15 no Distrito Federal.
Segundo Leite, a Domino’s Pizza, que tem cem lojas no Brasil, também precisou de adaptações. “O conceito da rede é o delivery, mas criamos o modelo sem entrega em lojas de shopping para fortalecer a marca em São Paulo”, diz. A rede tem 44 lojas no Rio de Janeiro (seis delas em shoppings) e 17 unidades em São Paulo (cinco delas em shoppings).
Pequenas alterações no cardápio também foram necessárias. “A pizza de calabresa do paulista, por exemplo, não tem queijo, ao contrário da carioca”, conta.
A adaptação ao público local traz resultados na expansão. A marca carioca Spoleto, rede de comida italiana, tem hoje em São Paulo seu Estado de maior atuação. Das 338 lojas em todo o país, 131 são unidades paulistas –103 delas em centros comerciais.
“Ter alguém que conheça bem o mercado e o público da sua região faz toda a diferença. Foi o que aconteceu com o Spoleto e o que procuramos para as outras marcas. O mercado paulista é mais pujante, tem mais empresas, o que exige profissionalização para lidar com a concorrência”, diz Leite.
Megamatte faz adaptações no cardápio para expandir em outros locais
Rogério Gama, 58, diretor de desenvolvimento da rede Megamatte, de origem carioca, diz que a empresa acaba incorporando valores e características que agradam à população do lugar em que nasceu. Assim, para expandir o negócio e chegar às 113 lojas que têm no país, a rede precisou investir na regionalização do cardápio.
“No Rio de Janeiro, o forte são lanches, sucos naturais e açaí. Em São Paulo, não dá para operar sem uma boa cafeteria, com café gourmet. No Distrito Federal, temos o empadão goiano, que é uma refeição rápida tradicional da região”, afirma Gama.
Dias de movimento mudam em clínica de estética
Nas lojas da franquia de depilação Pello Menos, os consumidores de São Paulo e do Rio de Janeiro têm hábitos diferentes, segundo a sócia-fundadora Regina Jordão, 56. No entanto, as lojas não tiveram de fazer adaptações no serviço.
“Em São Paulo, o movimento de clientes é constante ao longo da semana. No Rio, a procura pelos serviços é maior aos finais de semana, por causa das praias”, diz a empresária.
Com 51 lojas em sua rede, 46 delas no Rio de Janeiro e apenas duas em São Paulo, a empresária afirma que o Rio de Janeiro tem um público mais frequente. “O público carioca é muito promissor no que diz respeito ao culto ao corpo. Mesmo com a estagnação da economia do país, o mercado continua favorável e com espaço para crescer.”
Beto Filho, presidente da ABF Rio (Associação Brasileira de Franchising Rio de Janeiro), comprova a impressão da empresária sobre o mercado. Segundo ele, beleza é um dos setores que se destacam no mercado fluminense. Das 11.604 unidades franqueadas no Rio de Janeiro, 13% são do segmento de beleza (1.495). Em São Paulo, o setor representa 7% das unidades franqueadas (4.291 de um total de 59.897).
(Por Varejista) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM