Os mercados emergentes experimentaram ontem mais um dia de intensa pressão, refletida na depreciação de suas moedas e numa disparam seus custos de financiamento. E os negócios no Brasil não passaram incólumes. Os contratos de juros futuros testaram níveis inéditos, com o papel com prazo em janeiro de 2017 tocando a máxima de 12,95%. Já o dólar chegou a superar os R$ 2,45, perto de seu pico em cinco anos, antes de reduzir a pressão e fechar a R$ 2,437, com alta de 0,41%.

A puxada no câmbio levou o Banco Central a alterar o padrão de intervenção no mercado, decidindo retomar os leilões de venda de dólares com compromisso de recompra. O BC fará nesta sexta-feira operação para rolagem de US$ 2,3 bilhões de empréstimos com vencimento em 4 de fevereiro. Desde 27 de dezembro, o BC não realizava leilões de linhas de dólares. Neste ano, a autoridade monetária vinha promovendo a recompra dos recursos. Com essas operações, o BC retirou de circulação em janeiro, até dia 24, o equivalente a US$ 2,460 bilhões.

O aperto monetário implementado em importantes economias emergentes, como Turquia, África do Sul e Índia, já leva especialistas a considerarem que o BC brasileiro precisará aumentar o juro básico em mais do que 0,25 ponto percentual no encontro de política monetária de fevereiro, pela avaliação de que quem não subir sua taxa numa magnitude razoável pode ser penalizado.

O ex-presidente do BC Armínio Fraga afirmou que a elevação da dos juros na Turquia e em outros países emergentes faz parte do processo de turbulência no mercado global, iniciado em 2007 e que ainda não dá sinais de terminar.

“São vários anos de turbulência. [A elevação dos juros] faz parte desse processo. Houve muita alavancagem. Depois pouca desalavancagem no setor privado. Agora os governos estão tendo que começar a pensar no futuro dessa área. Houve, no meio do caminho, problemas na Europa. Agora há alguns tremores na China. Então, é parte desse quadro. Isso não chegou ao fim”, disse Fraga, durante premiação do Ibef, no Rio.

Fraga disse ser muito difícil prever quando o período de turbulência vai terminar. “É torcer para o melhor e se preparar para um período com esse tipo de solavancos.” Questionado sobre a recente alta do dólar, Fraga alegou que não comenta o assunto por estar atuando diretamente na gestão do Gávea.

Na BM&F, o mercado, que estava amplamente posicionado para alta de, no máximo, mais duas doses de 0,25 ponto percentual da Selic, já precifica um ajuste de 0,5 ponto em fevereiro. E ampliou o prêmio de risco para apertos futuros.

(Fonte: Valor) Varejo, Núcleo de Estudos do Varejo, Núcleo de Estudos e Negócios , Retail Lab