Em meio a uma onda de discussões a respeito da homofobia – levantadas, principalmente, depois de declarações do presidenciável Levy Fidelix (PRTB) – viralizou na internet um manual em que o Carrefour orienta seus funcionários a tratar com respeito as pessoas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).

“A discriminação e posturas intolerantes por parte de qualquer pessoa, seja colaborador, cliente ou qualquer público, não estão em sintonia com os valores da empresa”, diz o texto.

No material – que vai em direção completamente oposta ao que defendeu o candidato do PRTB – a rede varejista comunica que travestis e transexuais “podem e devem” trabalhar ali e que seria contra os princípios do grupo “discriminar uma pessoa com base em orientação sexual ou identidade de gênero”.

O manual informa, por exemplo, que pessoas do mesmo sexo podem se beijar em público como qualquer outro casal e que travestis e transexuais devem ser tratados pelo nome pelo qual se apresentam (e não o que está registrado no documento).

Para o caso de essas pessoas serem colaboradores da companhia, o nome escolhido deve, inclusive, vir no crachá. “É uma questão de respeito e independe de decisão judicial ou cirurgia para mudança de sexo”, diz o texto.

De acordo com Paulo Pianez, diretor de responsabilidade social e sustentabilidade do Carrefour Brasil, o documento é divulgado internamente desde 2012 e faz parte do processo de “materializar” (ou seja: colocar em prática) a política de diversidade da empresa, que aborda não só a questão sexual, mas também racial, de gênero e estética.

Ele conta que o tema é um dos 10 princípios básicos do código de ética mundial da companhia, reformulado em 2010. “Há um manual mais teórico que diz o que é cada uma das diversidades e como abordá-las e também um material objetivo que traz exemplos de como tratar isso dentro das situações que acontecem nas lojas, que é esse que está sendo compartilhado na internet”, explica.

Essa conscientização é feita através de treinamentos ministrados aos diretores, gerentes e coordenadores da rede. Estes últimos é que replicam os conceitos para todas as unidades do Carrefour.

“O manual funciona como um instrumento de gestão desses princípios no dia a dia da empresa. Temos mais de 65 mil funcionários e recebemos milhões de pessoas todos os meses. Essa é uma amostra fiel do que é a sociedade brasileira”, afirma.

Segundo Pianez, as cartilhas ficam disponíveis nas lojas da companhia para serem consultadas quando necessário, mas o objetivo é conseguir que esses valores “façam parte do modelo mental de todas as pessoas dentro do Carrefour para que a tolerância seja praticada”.

Na opinião do diretor, o manual ter vindo à tona justo em um momento em que a homofobia é amplamente discutida no país “só reforça a necessidade de o Brasil estar mais atento e ter políticas concretas em relação ao assunto”.

“Durante muito tempo esse tema foi tratado como tabu, mas agora ele tem que ser encarado de frente. [As pessoas LGBT] são profissionais excepcionais e não podem ser tratadas de forma diferente por conta de uma coisa que faz parte da vida delas”, disse.

O Carrefour também faz parte de um fórum que reúne cerca de 70 empresas para a promoção dos direitos LGBT, promovido pelo Instituo Ethos.

(Por Exame) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM