Original em http://www.valor.com.br/empresas/3354558/cursos-de-gestao-atraem-profissionais-de-outras-areas#ixzz2m2H5VhIv
Por Valor Econômico
Com o rápido crescimento e a entrada expressiva de capital no setor de shopping centers nos últimos anos, as empresas dessa área de atividade passaram a demandar mais profissionais qualificados, muitos deles oriundos de outras áreas da economia. Para familiarizá-los com o meio shopping center, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) passou a oferecer cursos de educação executiva para esses gestores. “Quem faz os cursos são profissionais de outras áreas que querem passar por uma aculturação do setor. Também participam desses cursos profissionais que trabalham em empresas familiares do interior do país e querem se profissionalizar”, afirma Adriana Colloca, superintendente da Abrasce.
Para oferecer tais programas, a associação buscou parcerias com reconhecidas instituições de ensino do país. Juntamente com o Insper, por exemplo, foi desenvolvido em 2010 o “Shopping Center Management Program”, uma pós-graduação com 360 horas de duração, cursada em 18 meses na cidade de São Paulo e focada em gestão. “É um programa desenhado a quatro mãos”, diz Ana Paula Saldanha Cardoso, coordenadora da educação executiva do Insper. “Trabalhamos juntos para ver quais eram as habilidades necessárias para os profissionais do setor.”
A procura por esse programa de qualificação profissional é crescente, segundo informa Ana Paula. Com a procura, todas as 35 vagas são preenchidas a cada ano. “É um mercado que demanda muitos profissionais e não há pessoas preparadas para as especificidades próprias desse setor”, diz a coordenadora.
O programa do Insper, que chega à quarta edição e tem as aulas concentradas em três dias do mês – quinta, sexta e sábado da mesma semana para facilitar a participação de alunos de outros estados -, foca as matérias em questões gerenciais, como operações e projetos, estratégia corporativa e planejamento, finanças, marketing e recursos humanos, além de passar por aspectos jurídicos.
O objetivo, segundo Ana Paula, é desenvolver nos participantes competências de gestão e aspectos específicos da indústria, como gestão de shopping center, mix de lojas e relacionamento com diversos stakeholders – lojistas, consumidor final, órgãos governamentais.
Ao término do curso, os alunos precisam apresentar um trabalho final, que consiste no levantamento de um ponto de melhora ou o lançamento de um novo produto ou serviço. “Eles desenvolvem esse projeto com a orientação de um professor do Insper, com base no conhecimento adquirido durante o curso”, afirma Ana Paula.
A maioria dos alunos, de acordo com a coordenadora, é de profissionais que já atuam no setor de shopping, mas demonstram interesse de entender melhor o segmento para poder avançar na carreira. É o caso de Carla Mautone, superintendente do Shopping Taboão, administrado pela Aliansce.
A executiva atua no setor há 18 anos, mas até três anos atrás trabalhava na área jurídica. Agora, como superintendente, sentiu necessidade de adquirir conteúdo específico sobre gestão de shopping center e procurou a pós do Insper. “Os demais cursos são genéricos sobre administração de empresas. Escolhi esse programa porque me passaria informações sobre a gestão específica do setor”, afirma Carla. “O varejo, em geral, tem semelhanças, mas o setor de shopping tem questões atípicas em aspectos como locação e administração, por exemplo.”
Outra profissional que procurou na sala de aula ampliar seus conhecimentos sobre o setor de shopping center foi Laura Vaz de Souza. Há oito anos no grupo Ancar Ivanhoe, ela ingressou na empresa como estagiária do Pantanal Shopping, em Cuiabá. Hoje, é coordenadora comercial do Porto Velho Shopping, na capital de Rondônia.
Laura conta que entrou nesse setor por acaso. “Surgiu uma vaga de estágio para estudante de direito no Pantanal, participei do processo e consegui a vaga. Na época, só pensava na carreira jurídica, mas com o passar dos anos fui conhecendo cada vez mais sobre shopping e me apaixonei”, diz ela.
Além do conhecimento adquirido com a prática, Laura sempre busca se aperfeiçoar com cursos específicos para o setor, segundo informa. Foi assim que se interessou pelo programa “Marketing para Shopping Centers”, da ESPM. “O mercado de shopping está crescendo velozmente, fazendo com que os profissionais da área busquem cada vez mais conhecimento e aperfeiçoamento”, diz ela, que assistiu as aulas do programa em junho deste ano em São Paulo. Além do curso da ESPM, Laura também fez o programa “Gestão de Shopping Centers” da Escola Global do ICSC para Desenvolvimento Profissional John T Riordan.
O curso “Marketing para Shopping Centers”, da ESPM, nasceu de uma parceria da escola com a Abrasce há seis anos. A parceria acaba de ser descontinuada, mas a ESPM seguiu com o programa. Ricardo Pastore, coordenador do programa e do núcleo de estudos e negócios do varejo da ESPM, afirma que a próxima turma já está confirmada para 2014. “Focamos certos nichos no núcleo de estudos de varejo e shopping foi um deles devido ao crescimento do segmento e a necessidade de formação de gestores de marketing”, afirma o professor.
Pastore diz que cerca de 30 alunos fazem o curso de 40 horas a cada edição, entre superintendentes, gerentes e coordenadores que atuam na gestão de shopping centers ou em suas administradoras. “São profissionais com interesse em aprofundar certos conceitos e em se atualizar sobre tendências e melhores práticas do marketing em shopping centers.”
A Abrasce, por sua vez, procurou outro parceiro e a partir do ano que vem vai oferecer o curso “Gestão Estratégica de Marketing em Shopping Center” junto com a Fundação Dom Cabral em São Paulo. Com carga horária de 32 horas, o programa é direcionado a superintendentes e gestores de marketing.
Adriana Colloca, da Abrasce, diz ainda que a associação oferece outros programas menores para profissionais do ramo. “Temos uma área de educação na Abrasce que levanta os assuntos mais demandados pelo setor para construir os cursos”, diz. Há, por exemplo, programas regionais, na área jurídica e para profissionais que são de fora do setor, mas que querem migrar para o segmento. “Quanto mais bem preparado tecnicamente e bem formado for o profissional, mais fácil fica customizá-lo para o setor”, afirma.