A entrada do grupo Ultra no mercado de varejo de farmácias – a um preço aparentemente comportado de 13 vezes o Ebitda da Extrafarma – pode chamar a atenção por parecer inusitada. Mas, pensando bem, quem que não quer investir nesse segmento no Brasil?
O segmento funciona, basicamente, como um relógio. Conforme balanços de empresas abertas e fechadas disponíveis no Valor PRO, as margens brutas oscilam pouco abaixo de 30%, a margem Ebitda fica em torno de 7% e a operacional, próxima de 3% – mas de forma consistente.
A combinação de crescimento acelerado – motivado pelo aumento da renda e pelo envelhecimento da população – com pulverização ainda grande do mercado são os principais ingredientes que atraem os investidores.
De acordo com a Abrafarma, as cinco maiores redes de farmácias do país reuniram apenas 29% da receita do setor em 2012. Há muito espaço para consolidação.
As redes tradicionais do setor redobraram a aposta ao se unir com antigas rivais, como ocorreu no fim de 2011 com a fusão de Raia e Drogasil – que formaram a maior empresa do país por faturamento – e foi seguida logo depois pela junção das operações de Drogaria São Paulo e Pacheco, que ocupam a segunda posição.
No início de 2013, a atacadista de medicamentos Profarma, que se via espremida entre laboratórios e varejo, decidiu seguir o exemplo da Dimed, dona da rede Panvel, e verticalizou a operação com a compra de três redes.
Em fevereiro, foi a vez de a gigante americana CVS fechar a aquisição da Onofre, numa transação avaliada em R$ 830 milhões, equivalentes a salgadas 25 vezes o Ebitda da adquirida.
Antes disso, supermercados como Pão de Açúcar e Carrefour também já vinham apostando as fichas ao instalar farmácias em suas lojas. E o BTG Pactual fez sua investida em 2011, ao formar a Brazil Pharma a partir de redes locais.
O Ultra, o novo concorrente, deve disputar mercado, de início, com Pague Menos e Brazil Pharma, ambas com cerca de 380 lojas no Norte e Nordeste.
(Por Valor Econômico) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo