Para especialista, apesar do custo do famoso “frete grátis” ser visto como muito oneroso por parte dos varejistas, é possível administrá-lo de forma que o negócio continue sustentável

Tenho escutado muitos varejistas reclamando sobre a conta do frete quando utilizam o famoso “frete grátis”. Eles dizem que este custo é o segundo maior de toda a operação de e-commerce, perdendo apenas para o do produto. Eles dizem também que é fácil perder o controle e que, em alguns casos, o alto gasto com a entrega gratuita inviabiliza a operação de venda online.

De fato, eles têm razão. Se isso é tão perigoso e oneroso, por que, em muitas vezes, é tão negligenciado? É possível administrar os custos de frete de forma que o negócio continue sustentável? A resposta é sim, é possível!

Aqui vão algumas dicas do que pode ser feito para administrar este custo para deixá-lo menos oneroso à operação.

1)  Se for presentear o cliente com o frete grátis em toda a loja, utilize no mínimo o valor do seu ticket médio para oferecer este benefício (ticket médio é igual ao total da venda do mês dividido pelo número de pedidos do mesmo período). Ticket médio inferior a R$ 150 prejudica esta ação, pois o custo da entrega pesa demais para o varejista virtual.

Com isso, além de onerar, mesmo em termos percentuais, o custo do frete frente ao pedido, você incentiva o cliente a comprar mais. Muitas vezes, aumentar o valor mínimo do pedido para liberar frete grátis pode gerar um aumento do ticket médio imediato. Neste exemplo, sugiro um teste A/B para reduzir riscos.

2) Mantenha as opções de frete sempre visíveis no fechamento do pedido. Por exemplo, se sua loja trabalha com Correios nas modalidades PAC, SEDEX e E-SEDEX, mostre sempre as 3 opções (quando elas atenderem a região de entrega do cliente). Deixe a critério do cliente escolher qual a melhor opção em relação a custo e prazo.

Tivemos uma experiência com a loja de um cliente, a qual primeiramente mostrava uma “caixa de opção” de frete (combobox). Neste modelo, o frete grátis era sempre mostrado como a primeira opção e o cliente precisava clicar na “caixa de opção” para descobrir que existiam outras possibilidades de entrega. Porém, poucos clientes clicavam e as demais opções eram simplesmente ignoradas. Neste modelo de apresentação, de 100% dos pedidos que ganhavam frete grátis, 95% efetivamente mantinham a opção de não pagar a taxa de entrega, fazendo o varejista arcar a conta total. Alteramos o layout do checkout para mostrar as opções abertas, como a imagem abaixo:

O resultado desta alteração foi que, dos 100% dos pedidos que teriam direito a frete grátis, apenas 85% o aderiram. Os outros 15% preferiam pagar para receber o produto com menor prazo. Gerando assim, uma redução de pelo menos 10% na conta de frete a pagar.

3) Alongar o tempo de entrega do frete grátis também incentiva o usuário a pagar para receber o produto mais rapidamente. Aqui, a estratégia foi aumentar em 2 dias úteis o prazo fornecido pelos Correios.

Com esta ação, o percentual de pedidos que preferem a entrega grátis baixou de 85% para 80%, o que significa um ganho real de pelo menos mais 5% na conta.

4) Outra ação válida é baixar o valor da tabela E-SEDEX, tornando-o ainda mais atrativo para quem quer receber o produto rapidamente. Após este ajuste, o índice de quem continua solicitando frete grátis caiu de 80% (que já era muito bom) para menos de 65%. Um excelente ganho para o varejista que passa a contar com pelo menos 35% das pessoas (que teoricamente não pagariam o frete) contribuindo para pagar esta conta e, com isso, tornando a operação mais sustentável.

Rodrigo Schiavini é sócio e diretor de operações na FBITS. Possui MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas. Experiência em comércio eletrônico para grandes marcas dos mais variados segmentos – eletroeletrônico, vestuário e moda, educação, saúde, entre outros

(Por NoVarejo – Escrito por  Rodrigo Schiavini) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo