A frase de efeito, título desta nota, saiu no meio de um discurso emocionado em que a presidente do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, evocava a união do setor varejista. “Os bancos brigam entre si, mas são unidos e conseguem ser ouvidos pelo governo”, falou ao microfone durante o Fórum Nacional do Varejo, evento organizado pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, que ocorreu neste final de semana no Guarujá.

A abertura do encontro, que reuniu cerca de 250 lideranças varejistas, contou com a presença do governador Geraldo Alckmin. “A performance do varejo em 2012 foi tão boa que segurou a renda e emprego, já que o crescimento foi bem abaixo do esperado e a inflação acima do que prevíamos”, disse. Angariando apoio imediato da plateia, o político frisou sua posição pró-reforma do ICMS. “São 55 alíquotas de ICMS pelo Brasil. São taxas altas e assimétricas, que chegam a 12%. Propomos uma alíquota única de 4%”. Dito isso ele se foi para inaugurar uma nova balsa de travessia no Guarujá, seguido por aplausos dos varejistas.

Subiu ao palco Flavio Rocha, que preside pela segunda vez o IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), e é o executivo número 1 da Riachuelo. Rocha foi apresentado por João Doria, presidente do LIDE: “Ele preferiu fazer seu destino, honrar o sobrenome. Poderia ter sido herdeiro, preferiu ser sucessor”. De fato, além de dono de uma trajetória de sucesso à frente da Riachuelo, ele é um dos mais engajados nas causas do setor. “O varejo ainda está muito aquém do varejo que precisamos construir para a potência futura que o Brasil será”. Ele se refere à capacidade de geração de emprego e, por conseguinte, renda. Lembrou que o maior varejista brasileiro, Grupo Pão de Açúcar, emprega mais que todas as montadoras juntas. “Um em cada cinco empregos no Brasil está no varejo”, ilustrou. Lembrou também, se bem que nem precisava, que o setor cresce a taxas acima das do PIB, “puxando o crescimento do Brasil”, frisou.

E então ele entrega o palco para a dona dos aforismos capazes de gerar inúmeros títulos de impacto. Luiza Helena, a grande mulher símbolo desse encontro promovido pela LIDE – que levou também o prêmio de Personalidade do Ano no fechamento do evento – abriu sua palestra assim: “Nós movimentamos muito dinheiro, mas ganhamos pouco né gente?”, embalados em seu característico sotaque do interior. Empatia instantânea.

Ela fala por quarenta minutos da necessidade do setor se unir e pleitear junto ao governo bandeiras que ela defende há tempos – a varejista já atuou como presidente do IDV -, como mudanças na legislação trabalhista e unificação do ICMS. A empresária falou sobre a alta burocracia do sistema tributário brasileiro. Segundo ela, são mais de 60 tributos, entre impostos, contribuições e taxas, e mais de 225 mil novas normas tributárias.

“Sozinho você vai mais rápido, mas juntos vamos mais longe”, entoou. Ela se refere a propostas como a do Part Time, que poderia empregar estudantes e aposentados em dias de descanso (finais de semana e feriados) dos funcionários, como um recurso para flexibilizar a lei atual que não permite hora extra nem banco de horas. Criticou também a recém-aprovada lei da Entrega Programada, pela qual o varejista ou o operador logístico devem agendar as entregas por dia e turno, contrariando a prática internacional de otimização logística e redução de custos.

O fechamento do dia de palestras contou com a leitura de um manifesto escrito horas antes pelo presidente do Lide Economia, Paulo Rabello de Castro, em prol da redução da burocracia do sistema tributário no varejo. “Na hora em que simplificarmos esse manicômio tributário, o Brasil vai mudar. Tenham certeza. Precisamos mostrar nossa força”, reforçou.

(Por NoVarejo) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo