Na última sexta-feira (11/01), o fundo Santa Rita, um dos acionistas do Grupo Pão de Açúcar e que pertence a Abilio Diniz, leiloou 17 milhões de ações preferenciais  da companhia, captando R$ 1,513 bilhão. No fim de 2012, Abilio já havia vendido outro 1,7 milhão de ações do GPA. Somando as duas negociações, o empresário já se desfez, em cerca de 20 dias, de 7% do capital total do grupo. Ele ainda possui 16,9 milhões de ações preferenciais, cerca de 6,4% do capital da empresa.

Mas a venda não indica, necessariamente, uma aceleração no processo de saída de Abilio do GPA. Todos os direitos políticos que ele possui na companhia, como a presidência do conselho de administração e o poder de veto em algumas decisões, estão atrelados à sua participação em ações ordinárias, que não sofreu alterações. Esses papéis estão alocados na holding Wilkes, grupo por meio do qual o Casino exerce o controle sobre o Pão de Açúcar. Abilio tem garantido o direito de vender ao Casino esse percentual a qualquer momento entre 2014 e 2022.

BRF

Embora não implique na saída de Abilio do GPA, a negociação de parte das suas ações pode estar relacionada a um investimento maior do empresário na Brasil Foods. No final de 2012, ele comprou R$ 60 milhões em ações da empresa fabricante de alimentos. E, como SM noticiou na semana passada, alguns acionistas da BRF estão articulando entre si e com Abilio para que ele assuma a presidência do conselho de administração da companhia em abril próximo.

A ação mais recente de Abilio movimentou a BRF. Segundo o jornal Valor Econômico, a empresa convocou para hoje uma reunião de sua diretoria, antecipando o fim das férias de alguns executivos. Eles estariam preocupados em isolar a gestão da companhia da discussão entre os acionistas, evitando que a disputa prejudique os negócios da BRF.

Outra questão preocupa a BRF. Se o empresário assumir a presidência do conselho de administração da empresa, ocuparia o mesmo cargo também no GPA, simultaneamente. Ou seja, Abilio dividiria sua atenção entre as duas empresas. E, além disso, teria acesso a informações privilegiadas nas duas pontas da cadeia de abastecimento, já que o GPA é o principal distribuidor dos produtos da BRF no mercado interno.

Especula-se que, nos próximos meses, Abilio possa adquirir até 5% do capital da BRF, o que custaria próximo de R$ 2 bilhões. Isso daria mais peso à sua pretensão de ocupar a presidência do conselho da companhia, missão em que conta com o apoio de alguns acionistas da empresa.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo