O Grupo Pão de Açúcar terminou a segunda-feira com o maior valor de mercado da sua história, R$ 24,1 bilhões. As ações encerram o pregão de ontem cotadas a R$ 91,79, após alta de 1,36%, acima dos R$ 90,65 registrados na máxima anterior, em 2 de maio.

Por volta das 13h do pregão de hoje, as ações seguiam com tendência positiva, em leve alta de 0,12%, indicando que o pregão desta terça pode levar a uma nova máxima histórica para a companhia.

Segundo a base dados da Bloomberg, 15 entre 24 analistas que acompanham a companhia recomendam a compra dos papéis, com preço-alvo médio de R$ 95,60.

Além de estar entre as preferências dos investidores por ser do setor de consumo e oferecer uma proteção natural contra as preocupações com o crédito (atuação no mercado de alimentos), a companhia se beneficia da aposta crescente de que o clima difícil entre os sócios pode acelerar o desfecho das questões societárias.

CLIMA NEBULOSO

A tensa convivência entre Casino e Abílio Diniz, respectivamente controlador e ex-controlador da empresa, estimula a crença de que ambos vão buscar uma solução para esse impasse o mais rápido possível.

No entanto, há uma vagarosa negociação em andamento conduzida pelos assessores financeiros de ambos os lados, com encontros esporádicos.

Estão na mesa duas possibilidades para se antecipar a saída de Abilio da sociedade: o pagamento em dinheiro de sua participação em ações ordinárias e preferenciais ou a venda de Via Varejo para o ex-controlador, com um acerto da diferença de valores.

Entre os investidores, também está incutida uma expectativa de que a companhia migre para o Novo Mercado da BM&FBovespa, o que obrigaria a conversão das preferenciais (negociadas em bolsa) em ordinárias.

Contudo, apesar de recentemente os sócios terem utilizado discursos nesse sentido, não há nenhum plano divulgado nessa direção.

PARTICIPAÇÃO BILIONÁRIA

Ontem, o valor de mercado referente apenas à participação societária de Abilio no Pão de Açúcar encerrou o pregão a R$ 5,12 bilhões. Abilio já possui um contrato que lhe garante saída para as ações ordinárias do Pão de Açúcar.

Entre 2014 e 2022, ele pode exercer um direito de venda contra o Casino pelo maior valor de uma das opções: uma complexa fórmula matemática ou o equivalente a 95% do valor de mercado das preferenciais.

Como a fórmula contempla indicadores de varejistas de países desenvolvidos, não está vantajosa neste momento. Pelo acordo, portanto, as ações ordinárias de Abilio valeriam hoje R$ 1,76 bilhão.

(Por Folha de S.Paulo) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo