O empresário Michael Klein procurou os bancos Bradesco e Citibank para negociar financiamento caso venha a fazer uma oferta de compra dos 52% que o Grupo Pão de Açúcar possui na Viavarejo, empresa que reúne as redes de lojas Casas Bahia e Ponto Frio. As conversas estão apenas no início e não há certeza de que a ideia seguirá adiante, mas Klein falou na necessidade de levantar R$ 3,5 bilhões, segundo fontes envolvidas na discussão.

O Bradesco foi procurado na semana passada e o Citibank um pouco antes. Por enquanto, a intenção de Klein é sondar os bancos para saber se poderia contar com os recursos. Ele está rascunhando um plano B, com o objetivo de se preparar para as mudanças societárias que vão acontecer no mês que vem, quando o empresário Abilio Diniz passará o controle do Pão de Açúcar ao grupo francês Casino.

Por meio de nota, Klein afirmou que o “assunto não está em pauta e não há nada em andamento”. Abilio Diniz e o Casino dizem não saber nada sobre o assunto. Bradesco e Citibank não comentam. A informação foi antecipada pela revista Veja

A família Klein era dona das Casas Bahia e agora tem 47% da Viavarejo, companhia que faturou mais de R$ 24 bilhões no ano passado. Seu movimento esquenta ainda mais a novela em que se transformou a troca de comando do Pão de Açúcar. Pessoas que acompanham as conversas afirmam que a decisão de tentar ou não a compra da Viavarejo vai depender de como ficará o relacionamento entre Abilio Diniz e Jean-Charles Naouri, presidente do Casino.

Os dois brigam desde o ano passado, quando Abilio tentou promover a fusão do Pão do Açúcar com as operações do Casino no Brasil. Naouri, que é rival do Carrefour na França, interpretou a ideia como uma tentativa de embaralhar a troca de comando no Pão de Açúcar prevista para o mês que vem.

Aproximação. Desde que Abilio Diniz e seu sócio francês começaram a brigar, Michel Klein vem procurando se aproximar de Jean-Charles Naouri. Os dois chegaram a se encontrar em Paris, sede do Casino. Klein também teve uma relação tumultuada com Abilio.

Os dois começaram a se desentender dias depois da fusão das Casas Bahia com o Pão de Açúcar, em dezembro de 2009. Depois de fechar negócio e assinar contrato, os Klein passaram a achar que tinham feito um mau negócio e ameaçaram desfazer a transação. Abilio aceitou mudar pontos do acordo, concordou com uma compensação financeira e o conflito foi encerrado. Mas a relação entre os dois lados nunca mais foi a mesma.

(Por Gouvêa de Souza) varejo, núcleo estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo