Crediários com prazos longos e parcelas que cabem no bolso não estão mais nos planos de consumidores da nova classe média. Agora, eles pretendem comprar à vista itens como celulares, computadores e tablets.

São os brasileiros de alta renda os que têm intenção de comprar esses mesmos produtos de forma parcelada.

O resultado foi apontado em um levantamento com 1.019 consumidores de 71 cidades do país feito pela Associação das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) e pelo Data Popular, instituto especializado em baixa renda. A consulta ocorreu em dezembro de 2011 e janeiro deste ano.

Entre as famílias com renda mensal na faixa de R$ 3.000, 53% informaram ter intenção de comprar esses itens à vista. No caso das famílias com renda mensal acima de R$ 5.000, esse percentual é de 42,4%.

“A nova classe média está há quatro anos consumindo. Comprou carro e casa de forma parcelada. Já teve alguma experiência de endividamento. Quer continuar consumindo, mas com mais cautela”, diz Julio Takano, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Serviços para o Varejo (Abiesv).

No fim do ano passado, 54% dos brasileiros da classe média informaram que usariam o 13º salário para pagar dívidas. Segundo a Fecomercio-SP, a quantidade de paulistanos com contas atrasadas em abril é a maior desde setembro de 2007.

Para Renato Meirelles, diretor e sócio do Data Popular, o crédito na alta renda é mais farto, e os juros cobrados no parcelamento têm menos impacto para essa faixa do que para a nova classe média.

“Nem o limite do cartão ele pode estourar. Depende do cartão para compras no supermercado e em outros locais; por isso, opta por comprar à vista quando pode.”

Silvio Rogério de Oliveira decidiu parar de comprar parcelado após ter feito dívidas em dois cartões de crédito, de cerca de R$ 2.000. “Quando parei de comprar a prazo, me organizei. Comprei um celular, mas à vista.”

Seis em cada dez consumidores da classe média têm intenção de comprar celulares à vista, segundo a pesquisa.

“Ter limite de crédito é tentador, assim como ter muitos cartões. Mas é preciso ter disciplina, não atrasar pagamentos, deixar separado o valor mensal da dívida e não gastá-lo em outras contas”, diz Luiz Calado, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças.

(Por Gouvêa de Souza) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo