Carrefour apresentou forte crescimento trimestral tanto em vendas quanto em EBITDA. Conforme balanço da companhia, as vendas brutas tiveram um avanço de 10,7% em comparação ao segundo trimestre de 2020, enquanto o EBITDA ajustado ficou em R$ 1,4 bilhão no período, com 7,8% de margem. No período de dois anos, o crescimento em vendas foi de 28%.

Segundo o Carrefour, os números se devem à conversão de lojas Makro, que acabou sendo acelerada pelo fato de as unidades estarem fechadas, às vendas no varejo com destaque às marcas próprias, ao desempenho do Atacadão e sua capacidade de absorver custos, e ao Banco Carrefour, que retomou a concessão de crédito.

“O Grupo Carrefour Brasil apresentou um desempenho bastante sólido no segundo trimestre. Operando em uma base comparável muito desafiadora e em um ambiente de saúde difícil, registramos um crescimento de vendas de dois dígitos e uma lucratividade robusta, acima dos níveis pré-pandemia. Nosso crescimento foi impulsionado por outro desempenho notável do Atacadão, com a conversão mais rápida do que o esperado das lojas Makro, e o retorno ao forte crescimento do Banco Carrefour, enquanto os números do Varejo foram penalizados por uma base comparável muito difícil em não alimentos, mas que, mesmo assim, permanecem fortes no comparativo de dois anos. Meu sucessor, Stéphane Maquaire, que assumirá nos próximos meses, terá uma base sólida para continuar o crescimento do ecossistema do Grupo Carrefour Brasil, apoiado por equipes fantásticas”, afirma Noël Prioux, CEO do Grupo Carrefour Brasil.

Maquaire, que pega o Carrefour em situação favorável para avançar, tem também a marca com uma agenda ESG consistente a partir de uma gestão de crise bem-sucedida, com editais voltado ao combate ao racismo e de promoção ao empreendedorismo negro, além de um monitoramento de 100% dos fornecedores nacionais de carne bovina.

Por outro lado, a gestão Maquaire tem a missão de tocar a trabalhosa conversão das lojas BIG. A aquisição da rede que pertencia ao Walmart feita março deste ano visando expansão geográfica pelo País também foca na rentabilidade, nos serviços financeiros, na aceleração do e-commerce e aproveitamento da cadeia de suprimentos, mas se mostra mais desafiadora que a conversão das lojas Makro pelo fato das unidades BIG estarem abertas.

Operações de varejo

As operações de varejo mantiveram resultados positivos e bateram os números pré-pandemia. As vendas totais cresceram em 13,2% no período de dois anos, impulsionado tanto por alimentos (13,8%) quanto por não alimentos (12,4%). Contudo, as vendas totalizaram R$ 5,4 bilhões no trimestre – uma redução de 11,4% em comparação ao primeiro trimestre do ano, em grande parte por conta de uma queda nas vendas do segmento não alimentar, que foram 24,5% menores no comparativo.

O lucro bruto consolidado do varejo foi de R$ 1,2 bilhão ou 24,7% das vendas em relação ao mesmo período do ano passado. Em comparação ao trimestre correspondente de 2019, a margem bruta permaneceu estável, beneficiada por um novo modelo comercial, segundo o Carrefour, com promoções mais diluídas ao longo da semana, clientes mais recorrentes, aumento do share of wallet.

No compararmos ano a ano, o segmento alimentar teve um leve crescimento de 0,5% entre o primeiro e o segundo trimestre, enquanto o não alimentar registrou queda de 9,5% no comparativo entre o primeiro e o segundo trimestre na comparação 2020 e 2021. A queda se deve, segundo o Carrefour, ao fim do auxílio emergencial e a reabertura das lojas físicas, uma vez que o desempenho do segundo trimestre do ano passado foi bastante impulsionado pela conveniência de que o setor foi o único, entre os varejistas, que continuou aberto em meio às restrições. Além disso, diferentemente do primeiro ano da pandemia, como observa o Carrefour, o consumidor deixou de equipar sua casa, focando no abastecimento de suas despensas.

Dois fatores foram de importância ao desempenho das operações de varejo: o programa de fidelidade “Minhas Recompensas” e os produtos de marca própria. Enquanto o Carrefour tem cada vez mais fiéis e ganha engajamento, com clientes que participam do programa utilizando 44% mais do ecossistema dos que não usam só em junho, os produtos de marca própria, continuaram a crescer e atingiram 3% no segundo trimestre – sendo que o avanço já tinha sido de 18% no mesmo período de 2020.

No e-commerce, o volume bruto de mercadorias totalizou R$ 730 milhões (incluindo serviço de entrega rápida), com maior contribuição do segmento de alimentos, que representou 33,4% do total no trimestre (comparado a 22,8% no 2T20 e 9,5% no 2º trimestre de 2019).

Atacadão

O Carrefour aponta a finalização da conversão das 29 lojas Makro para a bandeira Atacadão (28 lojas e 1 atacado de entrega), adquiridas em 2020, como um dos pontos mais importantes da rede. Com previsão de serem finalizadas em 2022, após aprovação das autoridades, o cronograma foi adiantado e todo o processo levou apenas seis.

As vendas brutas do Atacadão no segundo trimestre atingiram R$ 14,1 bilhões, correspondendo a 10,2% em relação ao trimestre anterior, e foi o quarto trimestre consecutivo de crescimento de dois dígitos. O lucro bruto cresceu 13,7% no trimestre, para R$ 1,9 bilhão e a margem bruta foi de 14,8%, refletindo as decisões estratégicas para acentuar a competitividade e acelerar a abertura de lojas.

De acordo com o Carrefour, os resultados das conversões das lojas Makro foram acima das estimativas iniciais e as vendas nos primeiros meses de operação indicam que a meta de maturação inicial será atingida até o final de 2021, o que fez com que o grupo revisasse as previsões para cima.

O e-commerce do Atacadão também ganha força, e as vendas por meio desse canal aumentaram 70% em comparação aos três primeiros meses de 2021.

Banco Carrefour

O Banco Carrefour é outro ponto estratégico com crescimento. Após serem impactados em 2020, o faturamento do banco cresceu 50,2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, confirmando o ciclo de recuperação iniciado no ano passado, quando a empresa decidiu retomar a concessão de crédito.

Os cartões de crédito Carrefour e Atacadão apresentaram altas taxas de crescimento, atingindo 42,8% e 61,1%, respectivamente, na comparação anual. Dando continuidade ao bom momento observado no 1T21, outros produtos tiveram mais um trimestre forte e alcançaram R$ 167 milhões, a maior contribuição já feita por esta categoria, impulsionada pela retomada do crédito pessoal.

A carteira de crédito total atingiu R$ 13,7 bilhões, um aumento de 18,2% no comparativo anual.

Pauta ESG

Desde 2020, o grupo tem 100% dos fornecedores brasileiros de carne bovina monitorados (produtos regulamentados e marcas nacionais), além de 63% de peixes oriundos de origem responsável, 35% de novos itens de marca própria em embalagens 100% recicláveis ou compostáveis e redução de 19% nas emissões totais de CO2.

No segundo trimestre de 2021, o Carrefour apresenta 75% dos frigoríficos com o Termo de Compromisso de Pecuária do grupo assinado, 12,5 toneladas de embalagens plásticas evitadas e o lançamento do Projeto Juruena, com os primeiros produtos da pecuária sustentável começando a ser vendidos nas lojas do Carrefour em julho a um preço acessível.

A agenda de diversidade de luta contra o racismo também aparece entre os investimentos do grupo. Em junho, o Carrefour se comprometeu a investir R$ 115 milhões em educação e geração de renda para a população negra.

(Por NoVarejo – Felippe Constancio)

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