As compras de supermercado estão mais caras. Dados divulgados ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) indicam que os preços praticados em setembro subiram 10,71% em relação ao mesmo período do ano passado. O cálculo levou em conta a cesta com 35 produtos de largo consumo, cotada a R$ 306,42. Há um ano o valor era de R$ 276,77.

Na comparação com agosto, houve aumento de 1,36%. Dos produtos avaliados, as altas mais intensas foram nos preços do leite longa vida (4,90%), do queijo prato (3,13%) e do café torrado (3,11%). As maiores quedas de preço foram observadas no tomate (-7,47%), na cebola (-6,13%) e na batata (-2,50%).

Apesar do consumidor estar pagando a mais nas compras do mês, ninguém precisa se assustar com uma possível volta da inflação. É o que garante o consultor Pedro Matizonkas, professor do Núcleo de Estudos de Varejo da ESPM. “Parece-me uma oscilação natural, que depende do clima que varia com secas ou chuvas. Ninguém precisa começar a estocar nada.”

Demanda acelerada
A melhora da renda do brasileiro é a principal explicação da alta, segundo o professor Claudio Felisoni, presidente do Conselho do Provar (Programa de Varejo) da Fundação Instituto de Administração (FIA). “Os produtos com aumento de preço são mais elaborados, aqueles que parte considerável da população não podia consumir antes. A procura maior pressionou os preços”, diz.

“E seria inflação se a alta fosse generalizadas, não em alguns itens. O índice está, na verdade, diminuindo.” Pelo IGP-M, o acumulado da inflação entre janeiro e setembro de 2010 foi de 7,89%. O mesmo período nesse ano está em 4,15%.

Os R$ 30 a mais na cesta de um ano para o outro não são pouco e as pessoas percebem. Mas o impacto é sentido de maneira mais suave porque os salários melhoraram.

“As categorias de trabalhadores conseguiram reajustes acima da média. Podendo comprar, não consideram o gasto a mais excessivo”, diz Felisoni.

A tendência é que os preços se estabilizem até o fim do ano. “O mercado está tranquilo”, diz Matizonkas.

(Por Jornal da Tarde) Varejo, Núcleo de Estudos do Varejo