A Drogaria Mais Econômica, dona de 35 farmácias no sul do País, tenta fazer com que a Justiça reconheça novas dívidas da Brasil Pharma, rede de drogarias da qual já fez parte. O pedido pode complicar a já difícil situação da empresa, que foi criada pelos sócios do BTG para se tornar a maior do país, mas encontra-se em recuperação judicial, com dívida de R$ 1,2 bilhão.
A Mais Econômica, que desde 2015 é controlada pela Verti Capital, acusa a BR Pharma e o BTG de fraudes no balanço, que esconderam seu real passivo trabalhista. No pedido feito na recuperação judicial da BR Pharma, ela sustenta que já há casos em que a Justiça do Trabalho reconheceu a responsabilidade de seus antigos donos sobre essas dívidas. “Isso servirá para alertar que o passivo da BR Pharma é maior do que o informado”, diz o advogado Marcio Louzada Carpena, que representa a Mais Econômica no caso.
Além de informar sobre essas dívidas, a Mais Econômica pede que o administrador judicial da recuperação, a consultoria Deloitte, se manifeste sobre “práticas e procedimentos contábeis e manifestas adulterações da realidade econômico-financeira de empresas controladas da Brasil Pharma”, como relatado em ação movida contra sua antiga controladora e o BTG.
De acordo com um executivo ligado à Brasil Pharma, os pedidos da Mais Econômica vêm em mau momento. Mesmo que esses créditos não sejam reconhecidos agora no processo, o pedido deixa investidores e credores receosos e traz dano à imagem da BR Pharma e do BTG. Pedidos de esclarecimentos foram feitos à companhia na última terça-feira, 15.
Há receio, por exemplo, de que, diante do movimento da Mais Econômica, outros pleitos de indenização possam surgir. A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, que colocou quase R$ 300 milhões na empresa e chegou a deter 10% da BR Pharma, diz que o investimento é alvo de comissão interna para averiguar eventuais irregularidades.
No BTG, a avaliação é que os processos não vão prosperar. O argumento é que empresa sempre foi auditada, fazia parte do Novo Mercado e não há problemas no balanço.
O destino da BR Pharma segue incerto. Em seu plano recuperação, pede desconto de até 95% na dívida, quase toda nas mãos do BTG. Mas há avaliação de que um novo aporte é necessário para que sobreviva. Procurados, a BR Pharma não retornou e o BTG não quis comentar.
Para entender:
A Brasil Pharma foi criada pelo BTG em 2009 e chegou ao posto de maior rede de farmácias do País após aquisições. Em 2012, começaram problemas. Após prejuízos, os sócios do BTG iniciaram o desmonte da empresa em 2015, com a venda da Drogaria Mais Econômica e da Rosário. Sem reverter o prejuízo, passaram o negócio por valor simbólico à Lyon Capital em 2017. A empresa entrou em recuperação judicial este ano.
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