As redes varejistas brasileiras estão abrindo espaço nas gôndolas para frutas, legumes e verduras visualmente feios, disformes ou com prazo de validade próximo do vencimento. Esse é o caso do Extra e Carrefour. A opção pela compra desses itens pode gerar até 40% de economia para o consumidor.

Desde maio, os clientes do Extra podem encontrar na seção de hortifrúti descontos de 20% nos produtos fora do padrão – limões, laranjas, pimentões, chuchus, batatas, abobrinhas e tomates que dificilmente seriam colocados à venda pela aparência ou pelo curto prazo de validade.

“Havia a necessidade de melhorar a capacidade de de compra do consumidor e oferecer um produto com faixa de preço melhor”, afirmou o responsável pela área de perecíveis do Extra, Marcos Pozzi.

Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria de varejo e bens de consumo, diz que o consumidor não está acostumado a comprar alimentos desse tipo. “Há um movimento na sociedade para entender que eles são tão adequados quanto os outros. O produto pode estar feio, deformado, mas não deixa de ter valores nutricionais.”

No Extra, os produtos comercializados com desconto são vendidos em embalagens de 1 kg – todos passam pelo teste de qualidade da rede antes de serem disponibilizados ao consumidor. A ação está presente em todos os estados brasileiros, exceto na Bahia.

O Carrefour lançou nesta semana programa similar. Batizado de Únicos, a iniciativa vai oferecer descontos a partir de 30% na compra de 11 frutas e legumes considerados fora do padrão – abobrinha italiana, batata, berinjela, beterraba, cebola, cenoura, chuchu, laranja pêra, maçã gala, pepino e tomate.

O programa, ainda em fase de implantação, já está disponível todas as sextas-feiras nos hipermercados dos bairros Pinheiros e José Bonifácio, em São Paulo.

O Atacadão, que pertence ao Grupo Carrefour, comercializa há dois anos alimentos fora do padrão estético com descontos. “Nenhum produto sofre tanta alteração como estes [frutas, legumes e verduras], com o desconto você aumenta a chance de venda e as perdas são menores para todo mundo: mercado, consumidor e produtor”, afirmou Foganholo.

Uma das primeiras empresas a perceber o potencial de venda desse tipo de produto foi a Fruta Imperfeita, que desde 2015 trabalha com a entrega de cesta de produtos recusados pelo mercado por terem uma aparência fora de padrão. “As pessoas não conhecem esses produtos. Quando começamos, nos perguntavam se eram frutas estragadas”, disse a engenheira de alimentos e uma das criadoras da empresa, Nathalia Inada.

Segundo ela, é preciso levar em conta que a aparência não afeta a qualidade nutricional dos alimentos. “Um dos motivos para os alimentos serem imperfeitos é a questão climática. A plantação sofre, mas continua perfeita para o consumo”.

De acordo com estimativa da Fruta Imperfeita, a iniciativa evitou que 320 toneladas de frutas e legumes fossem para o lixo. “Ajudamos toda uma cadeia produtiva, desde o pequeno produtor”, diz Nathalia.

A assinatura de entregas semanais de cestas de 5 kg de legumes ou frutas custa a partir de 96 reais por mês.  Atualmente a empresa tem 850 clientes e atende bairros da zona sul de São Paulo.

Vários supermercados oferecem descontos para produtos com prazo de validade perto do vencimento. Nos supermercados do grupo varejista GPA, Extra e Pão de Açúcar, os descontos chegam a 40% e abrangem produtos de diversas categorias, como biscoitos, chocolates, cereais, molhos, queijos, iogurtes e bebidas.

(Por Veja) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM