Um movimento cada vez maior no universo do e-commerce é a busca por uma renda extra, ou seja, a monetização de produtos ou serviços que não estão no centro do negócio de uma companhia. Um movimento que já começa a ganhar corpo no Brasil.

Esse é uma das conclusões de um estudo inédito no Brasil produzido pela Affinion (empresa líder em engajamento e renda extra no mundo), que mapeou o cenário da renda extra praticado pelos e-commerces no Brasil. Em alguns casos, o “dimdim” extra já rivaliza com o principal negócio de algumas companhias.

“As companhias aéreas são pioneiras na criação de rendas extras. Um levantamento feito no setor aéreo global (chamado The CarTrawler Yearbook of Anciliary). Em 2007, o negócio gerado fora do core business das aéreas R$ 2,1 bilhões. Já em 2016, a renda extra representou R$ 28 bilhões no mundo. Essa ideia está se expandindo rapidamente para outros negócios e a Amazon é um exemplo”, disse Ricardo Cassetari, head Latam da Affinion, um dos responsáveis pela pesquisa.

No levantamento, a Affinion entrevistou executivos dos 57 maiores e-commerces brasileiro com faturamentos anuais que variam de R$ 100 mil a R$ 10 bilhões. De acordo com o levantamento, 96% das empresas disseram que buscaram alguma forma de renda extra nos últimos dois anos. Outro dado interessante é que 51% dos entrevistados disseram que possuem alguma estratégia orientada para a busca de uma renda extra.

Tipos de renda

A pesquisa mostrou também os tipos de fontes de renda extras dos e-commerces no Brasil. O principal é o chamado marketing de afiliado (uma forma de publicidade on-line na qual o afiliado divulga produtos e serviços de anunciantes parceiros em troca de uma comissão pela venda), sendo citado por 51% dos executivos das lojas virtuais. A publicidade pura e simples também é outra estratégia de dinheiro extra muito popular no País, sendo citado por 51% dos entrevistados.

Já a venda cruzada (uma ideia inserida no centro do negócio do marketplace) foi citada por 37% dos entrevistados. Os programas de fidelidade internos (25%) e externos (19%) aparecem logo depois na pesquisa. “Penso que a grande oportunidade dos e-commerces estão nos programas de fidelidade. A Amazon Prime, que é um programa de fidelidade, cobra US$ 11 e possui mais de 80 milhões de assinantes. As empresas precisam ficar de olho nessa tendência”, disse Cassetari.

Divulgação: Affinion

E o faturamento?

Mas e quanto isso representa para o faturamento total da companhia? O estudo mostrou que o faturamento ainda é tímido para a maioria das empresas que informaram que possuem renda extra.

Hoje, por exemplo, a grande maioria das empresas (ou 26%) disseram que a renda extra representa de 1% a 5% do faturamento total. Outros 21% disseram que isso representa de 5% a 10%. O que chama atenção é que 2% dos entrevistados informaram que a renda extra representam um impressionante faixa percentual entre 40% a 50%. “Os números mostram que as empresas que possuem uma estratégia bem definida para a renda extra tem resultados melhores daqueles que realizam ações sazonais ou não estruturadas”, afirma Claudio Felisoni, professor da USP e presidente do Ibevar – entidade que co-participou com a produção da pesquisa.

“O modelo de e-commerce puro não se sustenta. As empresas estão sempre no vermelho. É preciso diversificar o negócio com outras formas de renda extra”, disse Cassetari.

(Por NoVarejo – Ivan Ventura) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM