Depois de três altas seguidas, as vendas no varejo de produtos eletroeletrônicos caíram em agosto 1,1% em relação ao mês anterior, feito o ajuste sazonal. No acumulado do ano, porém, há um aumento de 8,8% sobre igual período de 2016, segundo o Índice GfK-4E de Atividade no Varejo Eletroeletrônico, a ser divulgado hoje pela primeira vez. O aumento da renda real (descontada a inflação) e a liberação de recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ajudam a entender essa melhora no ano, avalia o economista Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria.

Parceria da 4E e da GfK, empresa alemã de pesquisa de mercado, o indicador tem como objetivo funcionar como indicador antecedente do segmento para a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, diz Jensen. Segundo ele, a ideia é que o índice auxilie os analistas a projetar o resultado do varejo, do mesmo modo como ocorre com as vendas dos supermercados a partir dos dados da Abras (associação brasileira do setor) e dos veículos a partir dos números da Fenabrave (federação nacional das revendedoras do segmento).

O índice é uma medida das vendas de eletroeletrônicos a partir da consolidação de notas fiscais emitidas pelo varejo, monitorando cerca de 80% do volume vendido no país, segundo Henrique Mascarenhas, diretor comercial da GfK. “Temos parceria com as maiores redes varejistas, que nos informam as suas vendas”, diz ele, acrescentando que os outros 20% são calculados por “modelagem ou extrapolação”.

O indicador acompanha as vendas de produtos da linha branca (como geladeiras, fogões e micro-ondas), linha marrom (como televisões e sistemas de som), eletroportáteis (como liquidificadores e aspiradores de pó), telecomunicação (como celulares e smartphones) e equipamentos de informática. O melhor desempenho no ano é da linha marrom, com alta de 15,3%, seguido por eletroportáteis, com 15,2%. O desempenho mais fraco é do segmento de informática, com alta de 6% das vendas no acumulado de janeiro a agosto.

Jensen diz que o indicador mostra um segmento do varejo que reage mais ao ciclo econômico, com uma “maior elasticidade em relação à renda”. Segundo ele, “em momentos de queda de atividade o setor eletroeletrônico sente mais; em momentos de expansão, ele se expande mais”.

Jensen observa que a renda tem crescido cerca de 3% em relação ao mesmo período do ano passado, descontada a inflação, num cenário marcado pela forte desaceleração dos índices de preços. Ao mesmo tempo, diz ele, a injeção de recursos do FGTS na economia ajudou as vendas de eletroeletrônicos no segundo trimestre, quando o dinheiro das contas inativas foi liberado. O total sacado foi de R$ 44 bilhões, dos quais 25% teriam sido destinados ao comércio, segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Os segmentos monitorados pelo índice GfK/4E entram em dois grandes segmentos da Pesquisa Mensal do Comércio. O primeiro é o de móveis e eletrodomésticos, no qual estão incluídos os produtos da linha branca e da linha marrom e os eletroportáteis. De janeiro a julho, o grupo tem alta de 6,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Isoladamente, as vendas de eletrodomésticos subiram 7,2% nesse intervalo, de acordo com os dados mais recentes do IBGE. O resultado de agosto da PMC será divulgado no dia 11.

Já os produtos de telecomunicação e informática monitorados pelo novo indicador entram no grupo equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação da pesquisa do IBGE. Segundo a PMC, as vendas desse grupo acumulam queda de 0,6% de janeiro a julho.

Depois de reunidos pela GfK, as informações sobre as vendas no varejo de eletroeletrônicos são passadas à 4E, que procura replicar os processos de ponderação e de deflação pelos quais passam os indicadores da PMC. Segundo Jensen, os números da consolidação das notas fiscais são deflacionados pelos índices de preços de cada segmento específico do IPCA.

A série a ser lançada hoje tem dados desde janeiro de 2009. O objetivo é divulgar o indicador sempre por volta do dia 25 de cada mês, referentes ao desempenho do mês anterior, “antecipando-se a divulgação da PMC entre 15 e 20 dias”, diz Jensen.

No acumulado do ano, as vendas de eletroeletrônicos são mais fortes no Nordeste, segundo o índice GfK/4E. De janeiro a agosto, a alta é de 14,6% sobre igual período de 2016. Dos três Estados da região sobre os quais há dados abertos a respeito da venda de eletrodomésticos na PMC, houve aumentos expressivos no caso de Pernambuco (29,5%) e Bahia (24,2%) e queda de 5,9% no Ceará no acumulado de janeiro a julho. Já no caso do setor de equipamentos para escritório, informática e comunicação, a alta foi de 15% no Ceará, 50,3% em Pernambuco e 2,4% na Bahia. Pelos dados do índice GfK/4E, as vendas de eletroeletrônicos cresceram 10,3% no Norte, 7,7% no Sudeste, 3,7% no Centro Oeste e 8% no Sul, nesse caso de janeiro a agosto.

(Por Eletrolar.com) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM