Com várias iniciativas malsucedidas no comércio pela internet, o Wal-Mart Stores Inc. está surpreendentemente tendo sucesso em uma empreitada on-line: compras de filmes digitais.

Um ano depois de adquirir o serviço de streaming Vudu, que permite aos consumidores alugar ou comprar versões digitais de filmes de Hollywood, a operação se tornou a terceira mais popular nesse segmento nos Estados Unidos, de acordo com a firma de pesquisa IHS Inc. O salto colocou o Vudu à frente de serviços semelhantes da Amazon.com Inc. e da Sony Corp.

Com uma fatia de mercado de 5,3% no fim do primeiro semestre, o Vudu ainda está bem atrás do serviço iTunes da Apple Inc. no mercado de rápida expansão de compra de filmes on-line. O iTunes domina esse tipo de serviço com uma parcela de 65,8% do mercado, enquanto o Zune Video Marketplace da Microsoft ocupa o segundo lugar, com uma fatia de 16,2%. E analistas questionam se o Vudu tem fôlego para alcançar os clientes-chave do Wal-Mart.

O Vudu pode se tornar o maior sucesso na Internet do Wal-Mart até hoje – apesar disso não significar muito.

A varejista, com sede no Estado de Arkansas, informou este mês que estava encerrando as vendas de arquivos de música no formato MP3, depois de esperar vários anos por um resultado positivo. A empresa também anunciou recentemente uma reestruturação da gerência nas operações de varejo pela internet, além da saída de dois executivos do alto escalão, em meio ao contínuo fraco desempenho em relação à Amazon.

“O negócio que temos hoje, oferecendo filmes em lançamento à la carte, está muito bem e triplicou de volume até agora”, disse o gerente geral do Vudu, Edward Lichty.

“Isso tem se tornado muito significativo para nossos parceiros em Hollywood, a ponto de alguns deles terem nos ligado para perguntar se havíamos cometido algum erro” quando divulgamos um aumento das vendas surpreendente, disse Lichty.

A Amazon, a Sony e a Apple não estavam disponíveis para comentários.

O modelo do Vudu é diferente do Netflix Inc., que cobra dos clientes uma taxa mensal pelo acesso ilimitado a uma ampla variedade de filmes em DVDs e via streaming, mas não oferece a possibilidade de baixar arquivos para compra. O Netflix recentemente anunciou planos de se expandir pela América Latina.

Os preços do Vudu variam de acordo com o filme. O aluguel do desenho animado “Rio”, um exemplo típico, fica US$ 3,99 e a cópia digital permanente, US$ 14,99. A versão em alta definição do “Rio” é alugada por US$ 4,99 e US$ 19,99 para a compra. Os preços são geralmente competitivos.

O Wal-Mart comprou o Vudu no ano passado por US$ 100 milhões, o que parece uma pechincha em meio à valorização de empresas iniciantes do Vale do Silício este ano. Nas últimas semanas, a empresa integrou os filmes do Vudu no site do Wal-Mart, mas deixou o Vudu.com ativo. A rede de varejo também lançou um formato que permite aos proprietários de tablets, como o iPad, assistir a filmes facilmente usando seus navegadores.

Com o formato adaptável aos tablets, o Wal-Mart conseguiu evitar a taxa de 30% cobrada pela Apple pela venda de conteúdo através da App Store.

Antes da aquisição, o Vudu conseguiu uma boa reputação entre os cinéfilos, particularmente devido ao conteúdo de alta definição. O site também tem acordos de direitos autorais com a maioria dos estúdios de Holywood, evitando que o Wal-Mart tenha de negociá-los de última hora.

A aposta inicial do Vudu se concentrou em filmes via streaming para consumidores por meio de sua própria plataforma. A crescente popularidade dos consoles de videogames e televisores que permitem baixar filmes expandiu o público potencial do Vudu, o que levou o site a mudar seu modelo de negócios.

O Wal-Mart tem capital para tornar esses problemas iniciais irrelevantes. Mas analistas dizem que a varejista, cujas vendas de DVDs estão evaporando, ainda tem muito chão para fazer com que sua base de clientes migre para o Vudu.

Segundo esses analistas, o Wal-Mart também precisa encontrar outras maneiras de usar os filmes on-line para direcionar os consumidores para suas principais ofertas no varejo, algo que a empresa realizou em grande escala ao vender DVDs baratos, às vezes com prejuízo.

A estratégia do Vudu indica que a empresa entende o mercado, uma vez que o Wal-Mart agora está presente onde os clientes querem assistir filmes, como nos tablets, disse Dan Cryan, analista sênior da IHS. “O que não está claro é como atrelar isso ao principal negócio do Wal-Mart.”