A Justiça de São Paulo decretou, no fim da semana passada, a falência da fabricante de fogões e geladeiras Mabe. Com a decisão, a companhia demitiu 1,5 mil funcionários e fechou duas fábricas nas cidades de Campinas e Hortolândia, em São Paulo. Em janeiro, a companhia já havia demitido outros 342 profissionais por conta da baixa demanda pelos produtos das marcas Continental e Dako.

Os trabalhadores foram dispensados sem receber a rescisão trabalhista devido às dificuldades de caixa da companhia. Para protestar contra essa situação, os trabalhadores acamparam em frente às fábricas ontem. No fim do ano, os funcionários já não tinham recebido o 13º salário.

Em comunicado, a Mabe informou que só conseguirá gerar receita para pagar suas obrigações caso tenha aprovado um plano de continuidade. A proposta apresentada à Justiça prevê a criação de uma nova empresa que incorporará os ativos da massa falida. “Com os lucros dessa nova companhia a massa falida pagará as dívidas das rescisões”, informou a companhia. Além das dívidas trabalhistas, a Mabe ainda tem R$ 19,2 milhões em débitos com serviços contratados e R$ 4,5 milhões com fornecedores de matéria-prima.

A fabricante havia pedido recuperação judicial em maio de 2013 alegando dificuldades para pagar fornecedores e funcionários. Na época, as dívidas da companhia somavam R$ 490 milhões. O plano aprovado pela Justiça no começo de 2014, no entanto, contemplava um valor menor, entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões.

O plano de negócios elaborado pela consultoria Galeazzi & Associados previa um período de 10 anos. Mas no fim do ano passado, o administrador judicial informou à Justiça que o plano não estava sendo cumprido, o que levou à decretação da falência.

De origem mexicana, a Mabe começou a operar no Brasil em 2003 com a aquisição da Dako. Em 2009, ela comprou, por R$ 70 milhões, as operações das BSH, joint venture entre as alemãs Bosch e Siemens, que fabricava no país produtos com as marcas Bosch e Continental.

Com cinco marcas no varejo (Mabe, Dako, GE, Bosch e Continetal), a companhia chegou, naquele momento, à segunda posição no mercado brasileiro de eletrodomésticos, com uma fatia de 25%, atrás apenas da Whirlpool – dona da Brastemp e da Consul – que tinha 36,5%. O Brasil também passou a ser o principal mercado da companhia, respondendo por 18% da receita.

Mas o mercado não cresceu como esperado e os planos tiveram que ser revistos. As marcas Mabe, GE e Bosch foram abandonadas. Em 2013, a companhia fechou uma fábrica na cidade de Itu, demitindo 1,2 mil pessoas. Posteriormente, a unidade foi vendida para reduzir as dívidas.

(Por Valor Econômico) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM