Mesmo contra a vontade do sócio francês Casino, o empresário Abilio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, se associou ao banco BTG Pactual e ao BNDES para comprar as operações do Carrefour no Brasil, formando um gigante sem concorrente à altura e com 32% do varejo supermercadista brasileiro. Para viabilizar o negócio, o banco BTG Pactual, de André Esteves, propôs uma complexa engenharia financeira que colocará os brasileiros na posição de maiores acionistas do Carrefour no mundo.O dinheiro para viabilizar o negócio – que será questionado no Brasil e no mundo pela defesa da concorrência – virá do BNDESPar, braço de investimento do banco. Com o argumento de criar um “campeão nacional”, o BNDES já se comprometeu a aportar R$ 3,91 bilhões – 85% do necessário -, tornando-se sócio da empreitada, com 18% da empresa que nasce. A empresa já é chamada no governo de “AmBev do varejo”, em alusão à cervejaria brasileira que dominou o mercado global de bebida.
Segundo apuração do Portal Exame, o empresário Abílio Diniz só teria se decidido pela fusão com o Carrefour depois de consultar o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que por sua vez teria recebido o sinal verde da presidente Dilma Rousseff. Os R$ 690 milhões restantes (15% do total) virão de um fundo do BTG Pactual, que ainda emprestará R$ 1,15 bilhão à nova empresa.
No Brasil, Pão de Açúcar e Carrefour passarão a ter 2.386 pontos de venda em 178 municípios, com receita anual de R$ 65 bilhões. Isso se a operação for aprovada. Já a nova empresa terá 11,7% do Carrefour mundial.
Especialistas do setor temem que o poder da nova rede se reflita nos preços aos consumidores, reduza o poder de barganha de fornecedores e motive a demissão de funcionários.
(Por Folha de São Paulo e Portal Exame)