O fim da isenção de PIS/Cofins pode dificultar ainda mais o cenário para vendas de smartphones no País, principalmente a partir de 2016, informou a consultoria IDC Brasil, que já previa queda de 8% nas vendas desses aparelhos em 2015, para 50 milhões de unidades.

Segundo Reinaldo Sakis, gerente de pesquisas da consultoria, o fim da isenção traz mais um complicador ao cenário já difícil de venda de smartphones no Brasil. “O aumento de impostos traz um problema a mais para um mercado que está ruim”, disse, citando desaquecimento da demanda devido à menor confiança do consumidor e a depreciação do real frente ao dólar, que elevou custos para os fabricantes de eletroeletrônicos.

Na avaliação do CEO da Cnova, German Quiroga, a decisão do governo pode afetar o desempenho das vendas no varejo e no comércio eletrônico. O executivo ponderou que o risco é de uma redução da demanda justamente entre as populações de renda mais baixa, que vinham ganhando acesso à internet por meio de dispositivos móveis. “O smartphone segue uma das categorias que mais cresce no comércio eletrônico e essa medida abala porque afeta as classes de renda mais baixa, pode dar uma desacelerada no mercado”, comentou Quiroga. Ele considerou que a retirada da desoneração seria “uma pena”.

Uma forte reversão no mercado de smartphones em abril e maio já havia feito a consultoria prever queda nas vendas desses produtos no país em 2015. As vendas dos smartphones caíram 16% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, para 3,89 milhões de unidades.

De acordo com Sakis, a indústria de smartphones já teve alta média de 20% nos preços dos aparelhos este ano, devido à valorização média de 30% do dólar no período, uma vez que os insumos dos aparelhos são importados. Com o fim da isenção a partir de 1º de dezembro, os preços deverão sofrer novos aumentos, especialmente a partir do primeiro trimestre de 2016. O analista acredita, porém, que algumas redes varejistas poderão preferir manter os preços no fim de 2015, época de maior demanda por aparelhos. Apesar de considerar que há risco de desaceleração, Quiroga acredita que os smartphones seguirão sendo itens de desejo do consumidor. “Tem uma grande atratividade em razão da renovação da tecnologia”.

Em nota, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) disse que foi surpreendida pela medida provisória. “O grande prejudicado será o consumidor, para quem a isenção do PIS/Cofins é totalmente repassada”, disse a associação, completando que a lei de 2005 foi essencial para reduzir o mercado ilegal de comercialização de produtos de informática.

(Por Eletrolar.com) varejo, núcleo de estudos  e negócios do varejo, retail lab, ESPM