Atrás de preços baixos, os consumidores estão procurando cada vez mais os produtos marca própria, que em alguns casos chegam a custar quase a metade do valor das marcas líderes. A substituição por marcas mais econômicas tem ocorrido em todos os segmentos, desde alimentos até produtos de limpeza.
A mudança de hábito de consumo é consequência da alta da inflação. De acordo com dados do IBGE, no acumulado dos últimos 12 meses o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 9,56%, acima dos 12 meses imediatamente anteriores (8,89%).
A inflação dos alimentos também continua em alta: só em julho subiu 0,65% e nos últimos doze meses a variação foi de 6,61%. Dos 373 produtos acompanhados pelo IBGE, 68,5% tiveram aumento de preços em julho. Ou seja, sete em cada dez produtos tiveram aumento de preços no mês.
No Atacadista Roldão, uma das maiores referências do segmento no país, a venda de produtos marca própria aumentou 10% nos últimos meses. ”Um crescimento bastante expressivo e que sinaliza que deveremos superar o resultado do ano anterior”, comentou Pedro Camargo, gerente de Marca Própria do Atacadista Roldão.
Em todo o país, esse segmento movimentou R$ 3,9 bilhões no ano passado e a expectativa para 2015 é de crescimento de 10 a 15%, de acordo com a previsão da Associação Brasileira de Marcas Próprias (ABMAPRO).
A opção pela marca própria acaba se consolidando quando o consumidor analisa os ingredientes e as formulações dos produtos e constata que os preços das marcas próprias são bem melhores, apesar da equivalência na qualidade com as grandes marcas.
“Isso ocorre porque os produtos marca própria têm projetos que não necessitam de investimentos em propaganda e marketing, uma vez que tem sua visibilidade garantida junto com os esforços promocionais da rede”, diz Camargo.
Nos momentos de alta inflação é que o consumidor amadurece, lê rótulos- e compara a relação custo x qualidade das marcas. Exige que elas tenham um preço compatível com o que de fato consomem. Então, se dão conta de que- no caso das grandes marcas, os aumentos são demasiadamente expressivos, muito mais em função de agregarem custos de propaganda, marketing e outros (ausentes nos produtos marca própria), do que o valor dos insumos utilizados”, comentou Camargo.
De acordo com ele, em um pacote de 1 kg de pão de queijo congelado a diferença entre a marca líder e a marca própria chega a 37%. A diferença de preço na batata palha (pacote 400g) é de até 25%, na polpa de frutas congelada (1 kg) é de até 46% e entre os produtos para limpeza (a água Sanitária de 5 litros, por exemplo) é de até 27%. Já no preço do álcool (46,2 INPM) pode chegar a 26%.
(Por Varejista) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM, marcas próprias, supermercado