Apesar da forte presença de componentes importados, os preços dos produtos eletroeletrônicos estão na contramão da escalada do dólar e acumulam, nos primeiros sete meses do ano, alta inferior à da inflação. Enquanto o Índice de Produtos ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 6,83% no acumulado de janeiro a julho, o grupo dos aparelhos eletroeletrônicos, que inclui eletrodomésticos e computadores, por exemplo, registrou aumento de 1,32%, mais de cinco vezes menor. Queda na demanda e concorrência em expansão explicam o cenário. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o supervisor-geral da Lojas Cem, José Domingos Alves, há uma queda de braço entre fornecedores e varejistas para acertar o preço.

“Os fornecedores já repassaram o que conseguiram. Mas não dá mais. O consumidor não aceita”, diz Alves. A empresa possui 230 lojas espalhadas pelo Brasil. Destas, 19 estão em Minas Gerais.

Ele comenta que os principais reajustes por parte dos fornecedores da indústria eletroeletrônica vieram nos dois primeiros trimestres do ano. Com o enfraquecimento mais intenso da demanda, foi necessário interromper a elevações dos preços.

Com a renda do consumidor corroída pela inflação, a procura pelo preço mais baixo é ampliada, acirrando a concorrência entre os varejistas.

“Os consumidores comparam preços na internet e compram onde está mais barato. Se aumentamos, perdemos a venda, que já caiu bastante. Por isso, seguramos ao máximo”, diz o gerente de Compras da Zema, Márcio de Freitas Silva.

Ainda de acordo com Silva, os fornecedores e a própria empresa, que tem 518 lojas no país (327 em Minas), têm reduzido os custos, com o objetivo de não afetar ainda mais a margem de lucro. Além de economizar com água e luz, por exemplo, ele afirma que os caminhões não saem com poucas mercadorias do Centro de Distribuição.

Dólar

Conforme explica a coordenadora acadêmica da Academia do Varejo, Patrícia Cotti, parte dos componentes utilizados na fabricação dos equipamentos e aparelhos domésticos é importada. Com a elevação do dólar, há uma forte pressão sobre o preço final, mas os repasses têm sido represados.

“As pessoas estão mais preocupadas com produtos básicos. Devido ao momento econômico ruim, os supérfluos podem esperar. Por isso, as vendas despencaram”, afirma.

Suggar

Quanto maior a dependência da importação, menor a margem de manobra. O presidente da Suggar, fabricante mineira de eletrodomésticos, Lúcio Costa, diz que a tabela de preços dos 154 itens da empresa tem sido reajustada quase que mensalmente, já que 145 produtos são fabricados fora do país.

“O jeito é negociar com as lojas e reduzir um pouco a margem”, diz.

(Por Varejista) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM