Estudo projeta crescimento de 10% a 15% para o setor no Brasil, com fortes investimentos por parte das grandes empresas mundiais

Vitrine da Bergdorf Goodman em Nova York: mercado em alta
Os Estados Unidos podem ser o maior mercado para produtos de luxo, mas não estão com essa bola toda. As vendas no país foram fortes no primeiro trimestre e indicam que o mercado de luxo deve crescer 8% este ano para um patamar de US$ 276 bilhões, segundo pesquisa realizada por um consultoria especializada em Milão. Mas o crescimento mais rápido está vindo mesmo dos mercados emergentes, como Rússia, Brasil, Oriente Médio e, claro, China. A expectativa é que o Brasil tenha um crescimento de até 15% em 2011.

“O mercado de luxo teve uma retomada do ano passado para cá”, disse Claudia D’Arpizio, uma das sócias da consultoria Bain & Company, responsável pelo estudo “Spring 2011 Update: Luxury Goods Worldwide Market Study”. Apesar do movimento, a Bain aponta que o mercado agora não é o mesmo pré-crise. Muita coisa mudou na relação entre consumidores e marcas. “Os consumidores estão mais exigentes, temos uma mudança entre gerações, com novas regras quando se trata da lealdade do cliente em relação à marca e uma experiência presencial e digital cada vez maior”.

Segundo Claudia, o crescimento contínuo da China e dos demais mercados em desenvolvimento é que está “transformando o mercado de luxo”.

A pesquisa indica que as vendas das lojas de departamentos e lojas de grife cresceram dois dígitos em fevereiro e março frente a 2010. Muitas peças da coleção primavera/verão já estão esgotadas no ponto de venda e as empresas reforçaram seus pedidos, principalmente em acessórios, bolsas e roupas em couro e relógios. A Bain informou que os lojistas demonstram plena confiança de que esse movimento vai se manter com o mesmo vigor anterior à crise financeira.

Loja da Cartier em Shinzu, na China: vendas ajudam a recuperar o mercado

China x Japão

Após um tombo de US$ 25,3 bilhões entre 2008 e 2009, o ano passado fechou com um aumento de 14% nas vendas, elevando o total para US$ 256,6 bilhões – batendo o recorde anterior de US$ 253,7 bilhões em 2007. O consumo continuará fortalecido, atingindo entre US$ 318 bilhões e US$ 329 bilhões em três anos.

A consultoria prevê que as vendas para Estados Unidos e Canadá crescerão 8% no ano para US$ 77,5 bilhões. A China terá um crescimento de 25% ano sobre ano, colocando a região conhecida como Grande China (que inclui Hong Kong, Macau e Taiwan) em uma posição forte para ultrapassar as vendas no Japão pela primeira vez.

O crescimento na Europa vai alcançar 7% em 2011. Já o Japão deve registrar um declínio de 5%, devido ao impacto do terremoto e do tsunami do dia 11 de março. A boa notícia é que a Bain estima que as vendas do mercado de luxo japonês se estabilizem a partir de julho, com o consumo se fortalecendo bastante até o final do ano. Muitas marcas registraram a retomada para os níveis esperados duas semanas após o desastre, quando as lojas de Tóquio reabriram as portas – com pouco ou quase nenhum impacto em grandes cidades como Osaka.

Grandes marcas de luxo investem em expansão fora de Pequim e Hong Kong

Emergente, quem?

O estudo prevê que o crescimento nos mercados emergentes permanecerá como o ponto principal na estratégia das empresas de luxo pelos próximos dois ou três anos. Mudanças no estilo de vida ajudaram a retomada no consumo na Rússia, projetado para 5% a 10%. A abertura de novas lojas vai aquecer as vendas entre 10% a 12% no Oriente Médio. E o Brasil? O país receberá investimentos pesados por parte das marcas internacionais, o que vai impor um crescimento de 10% a 15%, na estimativa da Bain.

“Os consumidores de países emergentes são aqueles que trarão os maiores desafios para o mercado”, afirmou Santo Versace, presidente da Fundação Altagamma, uma associação de empresas do setor de luxo, responsável pelos dados do estudo. “Enquanto nos ajustamos à maturidade dos mercados americano e europeu, os consumidores em países como China são mais exigentes e sofisticados em suas preferências por produtos de luxo.”

Por Soraia Yoshida para Época Negócios