Em meio à crise de confiança do consumidor, que vê pela frente um cenário difícil, com aumento da inflação, taxa de desemprego e restrição de crédito, parte das varejistas do setor de vestuário está revendo seus planos de expansão para o ano e outras buscam diferentes estratégias para aumentar as vendas.

Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, disse ao jornal O Estado de São Paulo que poderá rever o número de abertura de lojas, que seria de 40 unidades neste ano. “Começamos 2015 com 40 propostas, mas vamos rever e pode ficar um pouco abaixo de 30. O nosso capex (investimento) será mantido em torno de R$ 550 milhões, considerado valor recorde do grupo”, afirmou. Parte desses investimentos será destinado a novos equipamentos para o centro de distribuição do grupo em Guarulhos (SP), que também está se expandindo.

“O ano será difícil? Será. O crédito está restrito? Está. Mas não podemos reduzir o ritmo. Temos de apostar em coleções que agradem a todos os nossos consumidores. Atendemos da classe A à D. Da rua Oscar Freire (nos Jardins, bairro nobre de São Paulo) à rua Nova, no Recife (mais popular)”, disse Rocha.

Coleção

A escolha de coleção, aliás, é a prioridade número 1 da Renner, que é a líder do setor – a varejista é considerada pelo mercado a estrela entre as empresas de vestuário de capital aberto. “Uma boa coleção é a nossa principal estratégia”, afirmou o presidente da varejista, José Gallo.

A companhia vem se preparando desde o ano passado para enfrentar a desaceleração da economia. Mudanças sutis, como maior agilidade no atendimento e reforma dos provadores, são apontados pelo executivo como estratégia para manter o consumidor na loja. “Mulher não gosta de fila. Então, mudamos para agilizar esse processo de finalização de compra.”

Guilherme de Assis, analista do Brasil Plural, diz que as mudanças de conceito de loja promovidas pela Renner e os preços mais competitivos colocaram a empresa em um outro patamar. “A Renner e a Riachuelo melhoraram muito esses conceitos nos últimos anos e avançaram sobre os concorrentes.”

A Hering, que vinha em trajetória de expansão entre 2007 e 2012, começou a derrapar, afirmam analistas e especialistas de mercado. A Lojas Marisa, voltada para a classe C, também tem enfrentado sérias dificuldades.

Para Pedro Galdi, analista independente de mercado, que mantém o blog WhatsCall, a expectativa para os próximos meses é de maior aperto para o varejo, uma vez que a sombra do desemprego reduz ainda mais o consumo. As varejistas ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo já esperam maior retração.

Fábio Hering, presidente da varejista, diz que companhia tem trabalhado para aumentar sortimento. Nos últimos meses, a Hering começou a reforçar estratégia de suas marcas. Em outubro passado, lançou a Hering for You, marca mais jovem, e a Dzarm foi relançada em janeiro para o público feminino. Além da marca tradicional Hering, a varejista conta com a Hering Kids e PUC voltadas para o público infantil.

Procurada, a Lojas Marisa não quis se pronunciar. Há duas semanas a empresa confirmou a saída do executivo Arquimedes Salles, que atuava como diretor comercial. Nos últimos três anos, é a terceira troca de executivo que exerce esse cargo.

(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM