Nova York é uma cidade pródiga em novas ideias e novos formatos de varejo. Uma das boas surpresas do Big Show da NRF foi a relação das lojas que estão inovando em formatos, design, tecnologias e interações com os clientes na cidade.

Se elas irão realmente tornar-se ícones de inovação e diferenciação, só o tempo dirá. Mas, ao menos por ora, vale a pena acompanhar de perto quem são e o que fazem esses varejistas que estão saindo do lugar comum.

Birchbox: o incrível serviço de assinaturas de cosméticos e derivados. Todo mês, o associado recebe um kit de produtos especialmente selecionado de acordo com o seu perfil. 5 produtos diferentes para testar. Novidades mês a mês, uma caixa nova para teste e desfrute. E, mais legal, Birchbox agora tem a loja física no Soho. Veja mais em Birchbox.com.

Bucketfeet: uma loja de calçados que é também uma espécie de galeria de arte. A varejista colabora com artistas do mundo todo para criar acessórios e calçados que sejam diferentes e contem uma história. Um ambiente exclusivo encravado na região de Wall Street.

Band of Outsiders: na Wooster Street, no Soho, está a loja de estilo retrô, com design estilo Sternberg que evoca o espírito clássico da América. Mas o que chama a atenção é a mobilidade dos displays de produtos, que abrem espaço para que a loja se torne um local de eventos diversos. De quebra, há uma reprodução compacta do Restaurante cult Momofuku Mik na frente da loja.

Derek Lam “so” Crosby: o espaço foi imaginado como um grande depósito de caixas embaladas, dando a impressão de roupas e mercadorias que acabam de chegar continuamente na loja. Há mesas e displays de diversos tipos de produtos de alta qualidade, como joias de Jennifer Mayer. A ideia é também promover coleções exclusivas de outros designers.

T2: esta clássica e inovadora rede especializada em chás montou uma loja incrível na não menos cult Prince Street. A incrível variedade, cor e disposição dos inúmeros tipos de chás junta-se com formidáveis serviços de degustação e experiência. Mais do que tomar chá, o cliente tem aulas sobre a mística dessa infusão.

Kith: um teto em estilo que lembra ossos pendurados em uma caverna engloba uma loja estilosa com muita inspiração de arte contemporânea. Notável equilíbrio e rigor formal na disposição dos manequins, envolvidos em caixas em vidro, simétricamente dispostas em um ambiente onde nada parece fora do lugar. A loja parece montar a exposição dos produtos com precisão matemática.

Reebok Fithub: inspirada literalmente em uma academia de ginástica, a disposição das roupas evoca equipamentos de treino com peças estilo Kettle Halls distribuídas no espaço. Tornou-se ponto de encontro de treinadores e aficionados em malhação, inclusive sediando eventos e treinamentos.

Dover Street Market: o que causa espanto aqui é ver um magazine instalado numa região da Lexington (numero 160) longe de ser reconhecida como fashion ou cool. Mas a Dover Street Market é o magazine alternativo de Manhattan, distinto dos clássicos magazines estilo Macy’s. São 7 andares de moda que vão de camisas básicas até o melhor da Prada.

Rebecca Minkoff: uma espetacular loja com tecnologia criada pelo… EBay! Sim, a marca conhecida pelos leilões hoje em dia ganha mais dinheiro produzindo tecnologias que sofisticam e redimensionamento a experiência do varejo. Na Rebecca Minkoff, sensacionais vídeo walls com tecnologia touch criam uma experiência híbrida de on e off line, diluindo as fronteiras sobre como a experiência do cliente pode trazer o melhor dos dois mundos.

Lululemon Men’s Store: em princípio a loja parece ser bem normal. Mas a filosofia da marca é bem distinta: uma loja monocromática, viril com roupa esportiva-casual, dividida em dois grandes “estilos”: para o cliente “suar” e para não “suar”. Ou seja, a proposta é vestir o homem que faz questão de se mostrar sempre como alguém esportivo, ainda que bem vestido. A proposta irá se complementar com uma loja esportiva-casual para mulheres do outro lado da Prince Street, onde ela hoje (no número 127).

Beautycounter: um e-commerce disruptivo que é especializado em cosméticos “puros”, ou seja, livres da lista de ingredientes banidos na Europa e EUA. Um varejo high level. Outra mudança é o caráter social da compra: os clientes podem experimentar os produtos pessoalmente com outros convidados em eventos especiais, com a ajuda de uma consultora especializada. E ainda oferece uma ampla ajuda consultiva no site com receitas e dicas de especialistas – www.beautycounter.com.

Novosbed: o e-commerce da roupa de cama. Os melhores enxovais feitos nos EUA, com até120 dias para uso e devolução. Sem lojas, profissionais de marketing ou força de vendas, a Novosbed mantém baixos custos de operação. O pulo do gato é a regra que estabelece que os consumidores devem usar a roupa de cama por no mínimo 60 noites para ter direito à devolução do produto com retorno total do pagamento. Por outro lado, os produtos da Novosbed têm garantia de incríveis 25 anos! www.novosbed.com.br

Plated, Hellofresh e Blue Apron: três negócios similares na proposta com pequenas diferenças de responsabilidade social. Todos buscam liberar os clientes dos aborrecimentos típicos da ida ao supermercado quando é necessário preparar uma refeição. Todos garantem oferecer receitas que levam no máximo 35 minutos de preparo. Mas cada qual traz uma diferença importante: o Plated é um serviço de entrega de refeições gourmet, idealizadas por chefa e um conceito de controle rigoroso de desperdício. Porções exatamente dimensionadas com embalagens reutilizáveis e sacolas de entrega biodegradáveis. O Hellofresh também é um serviço de assinaturas, baseado em entregas semanais (que podem ser declinadas quando necessário), as caixas de alimentos são apresentadas com receitas para até 3 pratos diferentes e porcionadas para até duas pessoas. Na Blue Apron, as receitas foram desenhadas para o preparo de refeições de no máximo 700 calorias por pessoa. O foco é a cozinha sazonal, com pratos diferentes para cada estação do ano, visando o equilíbrio dos ingredientes conforme sua disponibilidade no mercado e praticas sustentáveis. A Blue Apron também assegura oferecer ingredientes que você não tempo de encontrar indo ao mercado por conta própria.

Bag Borrow or Steal: pioneira da economia colaborativa – permite aos membros alugarem itens de luxo por um mês. E podem adquirir artigos em condições diversas, muitas vezes já usados por outros clientes que revendem itens de luxo ao próprio site. Agora imagine poder usar itens de marcas como Chanel, Prada, Gucci e Dior, recebendo-os em casa, por um prazo determinado. O nome, claro, traz uma ironia: “quero a bolsa, emprestada ou roubada”, ilustrando a obsessão que itens de luxo causam nos consumidores em geral.

Everlane: se você é daqueles consumidores que sempre se incomodou com o que significa produzir itens de luxo, a Everlane tem a sua cara. Este e-commerce de acessórios traz informações profundas e detalhadas sobre materiais, trabalho envolvido e até o transporte das mercadorias. Transparência inédita em tudo o que vende, desafiando marcas de alto luxo a fazer o mesmo, mas sem alarde. A Everlane também estabeleceu novos padrões de qualidade ao mostrar o real preço do que vende. Aliás, cada custo envolvido na produção e transporte é mostrado no site. É possível conhecer onde cada item é fabricado, as condições de trabalho envolvidas e o custo de cada etapa da cadeia de valor.

Zady: quase na mesma linha radicalmente ética da Everlane, a Zady aposta no slow fashion, com roupas feitas para serem usadas por muito tempo, atemporais e de qualidade, com respeito à produção local americana e artesanal. O site também vende acessórios e itens para casa, com informações detalhadas sobre a manufatura, as matérias-primas e outros pontos de venda onde é possível encontrar os produtos. A Zady procura criar fortes laços emocionais com seus consumidores, cultivando diálogos e conversas para a disseminação dos princípios de consumo consciente.

Agora fica o desafio: quando veremos uma lista de negócios tão diversos e inovadores no cenário varejista brasileiro? Talento não nos falta.

(Por No Varejo – Escrito por  Jacques Meir) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM