Com uma cesta em mãos, o assistente administrativo Márcio Araújo, 37 anos, percorria a seção de achocolatados e outros itens não perecíveis em um supermercado próximo de onde mora. Mas, por pouco ele quase desistiu de ir ao comércio. “Só vim porque consegui estacionar o carro. Quando vou a locais onde não tenho como encostar o veículo, nem paro”, avisou. Mesmo sem ter atendido todas as necessidades dele, foi atraído pelas ofertas. “Falta um setor de panificação. Ao menos os produtos estão com boas promoções. Quando os preços estão salgados, também passo direto”, confidenciou.

Hábitos como os de Márcio deixam claro uma nova realidade no país, a de consumidores cada vez mais exigentes com itens como filas nos caixas, falta de mercadorias, ausência de sinalização de preços e dificuldade para estacionar o carro. Mas, de todas as preocupações dos brasileiros, a maior delas ainda é com o preço. Com a renda das famílias estrangulada e diante da escalada da inflação, a busca por ofertas é o item que mais pesa na decisão de compra, de acordo com um estudo da CVA Solutions, empresa de pesquisa de mercado e consultoria que ouviu, em agosto, 7.339 pessoas em todo o país.

Encontrar mercadorias a valores atraentes é apontado por 27,8% dos pesquisados como um dos principais fatores para a boa avaliação de um comércio. Mas quando elegem o supermercado ideal, 34,7% citam a boa variedade de produtos e marcas como um dos motivos de escolha, enquanto 33,5% dão preferência à proximidade e conveniência da loja. “Para a população, tão importante quanto o custo a ser desembolsado para o pagamento das compras, é encontrar uma ampla diversidade de mercadorias próximo de onde mora. A comodidade dita muito os anseios do consumidor”, explica o sócio-diretor da CVA Solutions, Sandro Cimatti.

GOLS CONTRA Ao eleger o que os afasta de um comércio, 15,2% dos consumidores reclamam do excesso de filas como principal motivo de rejeição. “Em média, as pessoas toleram até seis minutos de espera. Depois, começam a ficar impacientes”, afirma Cimatti. Por corte de custos, muitos varejistas não empregam todos operadores de caixas que a loja tem à disposição. “Mas também é preciso levar em consideração que a demora no atendimento pode frustrar e afastar o consumidor”, pondera o consultor.

Para evitar as extensas fileiras que se formam nos supermercados, o professor Tadeu Fernandes, 32 anos, e a esposa, a também professora Ester Vilela, 35, optam por ir em períodos menos movimentados. “A regra é fugir do horário de pico. Por isso, temos costume de ir à tarde, antes das 18h”, diz o marido. “Os empacotadores agilizam o processo de registro da compra, mas nem todos estabelecimentos dispõem deles”, lamenta a mulher.

(Por Varejista) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM