A BRF pretende aumentar suas receitas com produtos processados através da dissociação das marcas Sadia e Perdigão, afirmou nesta terça-feira, 7, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da companhia, Fernando Erne.

Segundo ele, as marcas, que são os dois principais nomes no segmento de alimentos industrializados, ainda possuem a mesma percepção diante do mercado consumidor.

“Precisamos dissociar as duas marcas para maximizar as oportunidades de ganhos, atendendo às diferentes demandas do mercado”, disse o executivo.

Os alimentos processados representam cerca de 50% das vendas da BRF. Dentro dessa estratégia, Erne explica que a marca Sadia deve passar a seguir tendências globais de consumo, com um foco muito grande em praticidade. Segundo ele, o desenvolvimento dos produtos deve seguir a linha de porções menores e prontas para o consumo.

“A BRF elegeu a Sadia como a marca para sua estratégia de expansão em mercados internacionais”, explicou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Segundo o executivo, a companhia quer ampliar a marca principalmente em mercados do Oriente Médio e de outros países da América do Sul.

Já a Perdigão deve buscar uma proximidade maior com o mercado consumidor brasileiro. “O foco da marca é mais na alimentação familiar, com porções maiores e embalagens econômicas, por exemplo. Vamos tentar crescer com a classe média emergente no Brasil”, explicou. Ele acredita que a estratégia da companhia vai possibilitar o crescimento da marca mesmo diante de uma desaceleração do consumo interno.

No entanto, o executivo descartou que a estratégia associe a marca Sadia à parcela da população de renda mais elevada, enquanto os produtos da Perdigão estariam atrelados ao consumo das classes de renda mais baixas.

“A separação segue mais a necessidade dos diferentes consumidores e não uma tendência de classes”, disse. Ele, porém, reconheceu que a partir do processo de dissociação, os preços dos produtos Sadia tendem a ficar mais caros em comparação com o portfólio da Perdigão.

De acordo com Erne, a estratégia pode ser observada já neste ano, através dos produtos lançados e da comunicação adotada para cada marca. Segundo ele, o foco nas duas principais marcas já possibilitou um crescimento de 107% no faturamento, enquanto o número de projetos registrou uma redução de 63%.

Concorrência

Erne avaliou ainda que crescimento da Seara, marca de processados da JBS Foods, é “inegável”, mas considerou que a concorrência serve como um estímulo para as novas iniciativas da companhia.

“Concorrência nós sempre estivemos acostumados a ter, afinal Perdigão e Sadia concorriam entre si (antes da fusão que deu origem à BRF).

O crescimento de outras marcas impede que nós fiquemos estagnados e estimula ainda mais o nosso desenvolvimento”, afirmou o executivo, que participou nesta manhã do 16º Congresso Brasileiro de Embalagens promovido pela Associação Brasileira de Embalagens (Abre), em São Paulo.

(Por Exame) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM