Recentemente, a Apple anunciou em um evento na Califórnia seus novos produtos e serviços. Dentre o lançamento do iPhone 6 e 6 Plus e do Apple Watch, chamou a atenção também o fato de a Apple lançar um serviço que pode unir o seu celular à sua carteira com o Apple Pay. A ideia é que os usuários possam salvar seus cartões de crédito diretamente no app Passbook, que até hoje era mais utilizado para guardar tickets de vôos. Assim, ao invés dos tradicionais 16 números do cartão de crédito, os usuários serão reconhecidos por meio de uma senha digital única, que funcionará apenas em um aparelho.
Para isso, a Apple vai usar a tecnologia NFC (Near Field Communication) e o Touch ID, sistema de reconhecimento por biometria que o iPhone 5 já possui. Na prática, o usuário do iPhone que decide fazer uma compra poderá pagá-la apenas aproximando o seu smartphone de um leitor de NFC e pressionar o botão da home para reconhecimento da digital. Assim, o fabricante poderá identificar seus dados e processar o pagamento. Vale lembrar que a tecnologia NFC já era disponível em aparelhos Android há muito tempo, mas com uma experiência menos integrada: você precisa descobrir se o aparelho suporta NFC e depois descobrir qual aplicativo você pode usar. O que a Apple fez aqui foi melhorar a experiência de “carteira” com uma solução intuitiva e simples, garantindo uma integração entre hardware, software e produtos da empresa.
De acordo com a Apple, a empresa já fechou parceria com os maiores bancos e companhias de cartão de crédito; e mais de 220 mil lojas aceitarão o meio de pagamento nos EUA, inclusive gigantes como McDonald’s, Subway, Disney, Sephora e, é claro, Apple Store. No Brasil, vale destacar que muitos pontos de venda já possuem NFC, uma vez que adquirentes como Cielo e Redecard já estão trocando suas máquinas há algum tempo para outras com a tecnologia, o que é uma notícia animadora para quem está na expectativa de usar o sistema por aqui.
Para o usuário, os benefícios estão principalmente baseados na facilidade e segurança. Você cadastrará seus dados apenas no seu celular, e a Apple afirma que esses dados não serão armazenados pelos seus servidores. Além disso, para cada compra o sistema Apple Pay cria um número de pagamento e um código de segurança, alterando-o a cada transação. Se você perder seu celular ou for roubado, além de o sistema não funcionar sem a sua digital, você poderá bloqueá-lo.
Do lado do varejista, o primeiro benefício advém dos próprios benefícios para o cliente. A partir do momento em que ele pode facilitar a venda, mais consumidores podem preferir a sua loja ao concorrente. Considerando que o Apple Pay já começa com 220 mil lojas cadastradas, daqui a um tempo é provável que a adoção desse sistema chegue a ser quase que obrigatória. Além disso, o pagamento será feito mais rapidamente, o que diminuirá as filas no varejo físico, e com mais segurança, o que também é benéfico para a loja. Outro benefício que merece destaque é o estímulo à compra por impulso. A interação e o processo extremamente simples é uma característica intrínseca à Apple, e faz com que o consumidor tenha mais vontade de comprar.
Para o e-commerce, outro benefício é a facilitação do check-out. Como a Apple já tem suas informações de endereço, nome, CPF e etc., você não precisará preencher todos esses campos no check-out de uma compra. O que significa que, por exemplo, se você mudar seu endereço, não precisa editar todos os seus cadastros em todas as lojas online que você costuma comprar. Basta fazer a alteração no seu celular e pronto, pagamento facilitado.
Por fim, vale lembrar que comentar que a Apple não cobrará nenhuma taxa para utilização do Apple Pay. Claro que serão necessárias parcerias com os cartões (algumas das quais já foram feitas) e bancos, mas a utilização do sistema em si não será cobrada. Em resumo, o Apple Pay veio para facilitar a vida do consumidor e do varejista, e é uma boa aposta para o futuro dos pagamentos. Resta torcer para que a velocidade de adesão e funcionamento seja rápida, mas a Apple já deu indícios de que isso vai acontecer. Afinal, o sistema já poderá ser utilizado ainda esse mês.
* Victor Lima é gerente da área mobile da Concrete Solutions e sócio-fundador da CloudRetail, startup especializada em varejo multicanal.
(Por Varejista) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM