O projeto de abertura de capital do Carrefour no país continua a ser uma opção para a empresa, como estratégia de financiamento a longo prazo, porém a companhia não deve vender uma participação na subsidiária para um sócio “exclusivo” no país, disse ontem Charles Desmartis, presidente da companhia no Brasil. O projeto de oferta de ações do Carrefour na bolsa brasileira foi antecipado em setembro passado pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.
Em março, o presidente mundial do Carrefour, Georges Plassat, informou que a empresa poderia realizar, no próximo ano, uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) no Brasil ou negociar a venda de uma participação para investidores locais, que ele chamava de “parceiros”. “Tudo é possível desde que mantenhamos o controle da filial brasileira”, afirmou Plassat, na ocasião.
Ontem, Desmartis afirmou: “Não precisamos nem queremos um sócio exclusivo para o Carrefour” [no Brasil]. “Podemos atrair alguns investidores individuais e talvez alguns family offices que poderiam ser investidores potenciais […] Qualquer um poderá ser sócio do Carrefour [com o IPO]”, disse. “Podemos considerar um IPO como uma forma de levantar recursos. Mas não precisamos de capital para cumprir nossos planos.”
Meses atrás, circularam informações no setor de que o empresário Abilio Diniz, ao lado de outros investidores, poderia fazer uma oferta privada (“private placement”), que consiste na compra de fatia de uma empresa por um número pequeno de investidores. Abilio negou na época.
Ontem, o presidente do Carrefour no Brasil inaugurou a primeira unidade da rede Express no país. A unidade, aberta na zona leste de São Paulo, exigiu investimentos de R$ 750 mil e faz parte do modelo de loja de vizinhança, com menos de mil metros quadrados. Um segundo ponto deve ser aberto no centro da cidade até o fim do ano.
“Queremos abrir centenas de lojas”, disse Desmartis. Um centro de distribuição do grupo em Osasco (SP) atenderá apenas as lojas Express, que serão abastecidas seis dias por semana. Isso porque as lojas Express não têm depósito.
O executivo admitiu a possibilidade de que a rede Express se torne a maior do Carrefour no Brasil, mas “não a curto prazo”. O grupo tem 143 hipermercados e supermercados no país. O modelo de franquia pode ser usado para acelerar a expansão do Express. O Grupo Pão de Açúcar opera nesse segmento com as bandeiras Minimercado Extra e Minuto Pão de Açúcar (que somam 200 lojas), e também estuda abrir franquias.
Desmartis disse que a companhia não entrou antes no segmento de minimercados porque tinha outras prioridades – entre 2010 e 2013 fez uma ampla reestruturação na filial – e que agora tem “condições” para fazer os investimentos. O grupo ainda planeja abrir 20 pontos de todas as suas bandeiras nos próximos 12 meses. E deve voltar a vender pela internet em 2015. “Estamos em fase de estudos para relançar o site.”
(Por Valor Econômico) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM