Manifestantes contrários à cobrança de estacionamento na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), na Avenida Dr. Gastão Vidigal, Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, promoveram uma onda de depredação no local entre a manhã e a tarde desta sexta-feira, 14.

Segundo a Ceagesp, pelo menos quatro seguranças foram feridos a pedradas e tiveram de ser socorridos. De acordo com trabalhadores e pessoas que estavam na manifestação, houve tiros. Um homem foi atingido quando um grupo tentou entrar em um prédio administrativo. A vítima foi levada ao Hospital Universitário e passou por uma cirurgia. De acordo com a assessoria do HU, ele passa bem.

“Os vigias estavam guardando o prédio e os manifestantes pediram pra eles saírem. Como eles não atenderam, começaram a atacar com pedras e os guardas atiraram em um menino na barriga”, disse o vendedor Rodrigo Mendes, de 24 anos, que trabalha no local. A assessoria de imprensa do Ceagesp afirmou que os tiros partiram dos seguranças, mas não soube dizer se alguém foi atingido.

O sistema de cobrança do estacionamento ficou totalmente danificado nas portarias 5 e 3 e o Ceagesp marcou para a tarde desta sexta uma reunião para avaliar os prejuízos e decidir as medidas a serem tomadas. Ainda não foi definido se o Ceagesp abrirá no sábado para o “varejão”.

A feirante Fernanda Andrade de Camargo, que trabalha no pavilhão de verduras, disse que às 16 horas o clima no local era tranquilo e muitos comerciantes de áreas que não foram atingidas voltaram a trabalhar. No entanto, seguranças e a Polícia Militar não estavam permitindo a entrada e saída de pessoas no entreposto, o que poderia comprometer as vendas dos hortifrútis. “Ninguém entra e nem sai. Nas verduras, tudo está funcionando normalmente, parece que não aconteceu nada, mas o movimento está bem fraco”, contou.

Às 17h40, os feirantes ainda não conseguiam entrar na Ceagesp para pegar as mercadorias já compradas. Segundo eles, todos os portões estão fechados e cerca de 50 caminhões aguardam para circular na Marginal. “Só precisamos pegar a nossa mercadoria. É um prejuízo estimado em cerca de R$ 20 mil porque eu tenho cinco bancas, imagina todos os outros feirantes que estão aí”, disse o feirante Milton Lima, de 35 anos.

A C3V (Companhia de Concessões em Circulação Veicular), responsável pela organização do sistema viário da Ceagesp, disse em nota lamentar os incidentes. A empresa ainda informou que na quinta-feira, primeiro dia de cobrança, não foram registrados problemas no funcionamento do sistema ou outros incidentes.

Investigação. O 91 DP (Ceagesp) já fez o registro parcial do boletim de ocorrência do tumulto da manhã desta sexta-feira, 14, na Ceagesp. A Polícia Civil investiga dano ao patrimônio público, lesão corporal, incêndio e associação criminosa (formação de quadrilha). A investigação de tentativa de homicídio depende da confirmação de feridos a bala e dos relatos de testemunhas e vítimas.

Segundo a Polícia Civil, as imagens das câmeras de segurança já foram solicitadas e os registros da central de monitoramento foram preservados, apesar da depredação.

Pelo menos dez funcionários da empresa de segurança estão no DP para prestar depoimento. Também compareceram representantes da Ceagesp, da concessionária e da empresa que teve o guincho queimado durante a manifestação.

Como começou. Segundo a Polícia Militar, o pátio do entreposto foi invadido às 11h15 por cerca de 100 pessoas. Um grupo ateou fogo em caixas de frutas, cabines de fiscalização, caçambas, um armazém, um carro e em ao menos um caminhão no pátio do entreposto. Dois prédios, que seriam da administração, segundo funcionários, também foram incendiados – um deles seria depósito de arquivos e documentos da companhia.

 

[Fonte: Estadão]

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