A aversão ao risco dos mercados emergentes continuou em alta nesta quarta-feira. Após o choque de juros anunciado pela Turquia ontem à noite, hoje foi a vez de a África do Sul também apelar para a política monetária na tentativa de defender sua moeda. A medida (também tomada pela Índia), contudo, não foi suficiente para conter a desvalorização das moedas dos países em desenvolvimento.

Os mercados mundiais operaram na expectativa pela decisão do Federal Reserve (Fed) quanto ao seu programa de injeção de dinheiro na economia. Como esperado, a autoridade monetária americana determinou novo corte de US$ 10 bilhões no programa de estímulos.

A redução das compras de ativos levanta receios sobre a estabilidade de mercados emergentes, que vinham recebendo parte do fluxo de recursos e agora, com o aperto de liquidez, devem ficar sem essas entradas. Nas palavras do presidente do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini, a redução dos estímulos financeiros dos EUA vai sugar os recursos que iam para os emergentes, como um “aspirador de pó”.

Fed e mercados

Em seu comunicado, o Fed não mencionou a recente turbulência nos mercados emergentes. Anunciou apenas uma decisão unânime de diminuir em US$ 10 bilhões, para US$ 65 bilhões mensais, o programa de compra de bônus. Segundo a instituição, a continuidade da recuperação econômica permitirá que a autoridade monetária desacelere as compras de maneira gradual.

A crise dos emergentes, porém, se manteve no topo da lista de preocupações de investidores, afetando as bolsas de valores em todo o mundo. Na Europa, que teve a sessão encerrada antes do comunicado do Fed, pesou mais o pessimismo com emergentes. Em Paris, o CAC-40 teve queda de 0,7%; em Frankfurt, o DAX recuou 0,8%, e o FTSE 100, de Londres, perdeu 0,4%. Os mercados em Nova York acentuaram as perdas após o comunicado da autoridade monetária.

Com o aumento da busca por segurança em meio às preocupações, os contratos futuros de ouro fecharam em alta nesta quarta-feira. Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange, o contrato do ouro para fevereiro, o mais negociado, fechou em alta de US$ 11,40 (0,9%), para US$ 1.262,20 a onça-troy.

No Brasil, o real fechou na cotação mínima em cinco meses, com a saída de recursos ao longo do dia, sobretudo do lado financeiro. No fechamento, o dólar comercial subiu 0,41%, para R$ 2,4370. É o maior nível de encerramento desde 21 de agosto de 2013. O Ibovespa não chegou a refletir a decisão do Fed, mas não escapou da tensão generalizada e fechou em baixa de 0,59%, aos 47.556 pontos. A forte alta de Vale e de outras ações de exportadoras evitou uma queda maior do mercado brasileiro. E o mercado de juros futuros da BM&F passou a refletir possibilidade crescente de que o Banco Central, pressionado pela depreciação do real, possa estender o ciclo de aperto monetário e pôr a Selic acima de 11% ainda este ano. O DI para janeiro de 2015 — principal veículo das apostas sobre o rumo da Selic —  saltou de 11,24% para 11,43%

 

(Fonte: Valor) Varejo, Núcleo de Estudos do Varejo, Núcleo de Estudos e Negócios , Retail Lab