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SÃO PAULO – Com a proximidade do Natal, que promete ser um dos melhores dos últimos anos, o varejo pode até enfrentar faltas pontuais de mercadorias nas lojas, o que está fazendo com que grandes redes do setor, como Lojas Colombo e Cybelar, tenham atenção redobrada e reforcem estoques, que chegam a estar 20% maiores em relação aos do mesmo período do ano passado. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que não descarta a possibilidade de haver desabastecimento de alguns produtos no comércio em decorrência da demanda aquecida

“Fomos muito bem-sucedidos ao estimular a retomada do consumo, que é o que falta nos outros países, onde se verifica uma queda. A população se entusiasma e pode ser que haja falta, pontualmente, mas a indústria está trabalhando”, afirmou Mantega, ao participar do seminário “Brasil nos Trilhos”, em Guarulhos. Apesar da declaração, para o ministro o problema não é a produção industrial, já que disse já estar restabelecida a capacidade de atendimento da indústria no que se refere a pedidos feitos pelo comércio varejista de eletrodomésticos.

No caso da Cybelar, uma das maiores redes de eletrodomésticos do interior de São Paulo, com cerca de 70 lojas, os estoques estão em média 20% maiores do que no Natal passado, mas algumas categorias, como os televisores de tela de LCD, chegam a ser 40%, 50% maiores. Segundo Ubirajara Pasquotto, diretor da Cybelar, não devem faltar produtos na rede, que fez encomendas à indústria em setembro, levando em consideração o aquecimento, mas acredita que podem, sim, ocorrer faltas pontuais no varejo em geral – não em razão da produção, mas de ajustes de entrega com a proximidade do dia 25 de dezembro.

“A indústria já reforçou sua capacidade e não vai faltar produto no mercado, mas está todo mundo se abastecendo e pode acontecer de não dar tempo de alguns itens e modelos chegarem às lojas, principalmente na semana que antecede o Natal”, explica. Apesar de se ter planejado em setembro, rede já fez novas encomendas de televisores, e de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado, itens que, com a chegada do calor, começaram a faltar nas lojas em novembro.

Na Lojas Colombo, rede que tem mais de 300 lojas, a opção foi antecipar um mês as encomendas à indústria e estocar os produtos para não correr riscos no Natal. “O mercado já vinha sinalizando algumas faltas desde o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que já tinha aquecido as vendas, por isso nos preparamos e estamos com estoques de 20% a 30% maiores do que em 2008”, afirma Gladimir Somacal, diretor de Compras da rede.

O diretor afirma que, embora se tenham planejado antes, também revisaram algumas encomendas e reforçaram a categoria de ventilação e a de móveis, que agora também é favorecida pela redução do IPI.

O professor Ricardo Pastore, do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM, concorda com a declaração do ministro e acredita que podem faltar produtos, não de forma generalizada, mas de alguns modelos. “O consumo reprimido no Brasil é muito grande e temos fatores -como o crescimento da renda e redução de juros- que devem ajudar este a ser um dos nossos melhores Natais.” O professor destaca que o consumidor deve ficar atento à redes que usem uma possibilidade de falta de mercadorias como pretexto para pressionar clientes e vender mais.

O Indicador Serasa Experian Expectativa Empresarial – Natal 2009 confirma o otimismo e mostra que o varejo do País espera que o Natal de 2009 seja o segundo melhor dos últimos cinco anos. 53% dos varejistas creem que haverá mais vendas no período, 31% esperam faturamento estável e 16% preveem declínio, na comparação com o Natal de 2008. Esta é a segunda melhor perspectiva natalina desde 2005, perdendo somente para 2007. O levantamento foi feito com mil varejistas, entre os dias 16 e 23.

Fusão

Outra questão que afetará o varejo no fim deste ano é a fusão entre as gigantes varejistas Casas Bahia e Globex, do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Especialistas do setor acreditam em novas mudanças no mercado para os próximos anos. Para o diretor executivo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), Antônio Carlos Borges, ainda há espaço no mercado para novas fusões entre grandes varejistas.

Borges, porém, acredita que ainda é cedo para fazer previsões sobre a mudança. “Ainda não tivemos tempo para saber como vai ficar a concorrência no setor, mas acho que não vai mudar muito – porque a atuação da Casas Bahia é muito forte no sudeste, mas em outras regiões a questão é outra, porque as lojas regionais têm bastante força. Exemplo disso foi a experiência que eles [Casas Bahia] tiveram ao abrir lojas no sul do País.”