>Silvio Crespo e Paula Pavon, do estadao.com.br

SÃO PAULO – A compra ainda será analisada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Mas a entidade tende a aprovar o negócio, mesmo que com ressalvas, prevê o coordenador do Núcleo de Estudos de Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing, Ricardo Pastore.

“O Cade pode fazer ressalvas em algumas praças, mas deve aprovar, porque o setor de eletroeletronicos é muito pulverizado”, afirma Pastore. “Na área de supermercados, se somarmos as cinco maiores redes, elas estão em torno de 50% do mercado”.

O consultor de varejo da Lafis Consultoria, Caio Pires, diz que essa aquisição marca um movimento de consolidação do mercado varejista brasileiro. “Em outros países com mercados mais maduros, como Inglaterra e Estados Unidos, o varejo é bem concentrado”, diz. Para o analista, a compra coloca o Pão de Açúcar na dianteira na área de eletroeletrônicos e pronto para competir com redes mais populares, como a Ricardo Eletros.

“Desde a compra do Extra, o Pão de Açúcar se prepara para montar um arsenal para brigar com varejistas de eletroeletrônicos mais populares”, diz. Pires lembra que a Casas Bahia está concentrada em São Paulo e que agora o Pão de Açúcar deverá expandir a rede para outros regiões do País, como o Nordeste que já era a expectativa da Casas Bahia.

O analista da MCM Consultores, Antonio Madeira, lembra que, com a compra das Casas Bahia, o Pão de Açúcar terá atuação forte em todos os segmentos, duráveis (linha branca e TV), não duráveis (alimentos) e semi-duráveis (roupas e calçados). Assim o Pão de Açúcar passará a operar em todos os segmentos do varejo, exceto construção e automóveis. “Essa aquisição pode ser comparada com a compra do Unibanco pelo Itaú. Teremos um grande player com atuação em vários setores”, diz.

Aquisição pode afetar consumidor de classes C, D e E, diz especialista

A aquisição das Casas Bahia pelo Pão de Açúcar pode prejudicar os consumidores das classes C, D e E, caso a rede de supermercados resolva mudar a atual estratégia do varejista de eletroeletrônicos e móveis, avalia a especialista em defesa do consumidor Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da ProTeste.

“O consumidor (das Casas Bahia) procura, em primeiro lugar, preços; depois, opção. Com essa aquisição, ele perde um pouco essas possibilidades”, diz Dolci.

Segundo ela, é preciso esperar para saber se o Pão de Açúcar vai mudar a estratégia das Casas Bahia de se dirigir às classes C, D e E. A especialista adianta que, “geralmente, as grandes redes, quando fazem uma aquisição, mantêm a política da empresa adquirida num primeiro momento, e depois mudam”.

“Hoje, as Casas Bahia representam uma opção interessante para os consumidores das classes C, D e E, mas, se houver aumento de preço, vai ficar difícil para essas pessoas continuarem clientes”.