Depois de três anos na liderança, o Brasil perdeu a dianteira na lista de países com condições mais atrativas para o varejo, elaborada anualmente pela consultoria AT Kearney. O país caiu para a quinta posição.
Publicado desde 2001, o GRDI (Índice de Desenvolvimento do Varejo Global, na sigla em inglês) classifica os 30 principais países em desenvolvimento para o investimento mundial em varejo.
O índice parte de 25 variáveis macro e microeconômicas, sociopolíticas e análises específicas de varejo para ajudar os investidores do setor a identificar novas oportunidades de investimento.
Segundo Pietro Gandolfi, diretor da AT Kearney, contribuíram para a queda do Brasil: a redução da velocidade de expansão da economia local, a aceleração de investimentos nos últimos anos –que leva a uma parada para avaliar se há saturação de mercado– e um pouco de cautela dos investidores com a política econômica.
“O Brasil foi líder do ranking nos últimos três anos e recebeu vários investimentos. A quinta posição que ele está agora ainda é boa. E ele pode voltar a ser líder, caso haja uma recuperação no nível de confiança da política econômica”, afirma o executivo.
Nesse momento, Gandolfi vê um potencial maior para a vinda de comércios de nicho ao país. “A abertura de lojas da Forever 21 [norte-americana de roupas] é um exemplo.” Para ele, reforça essa tese o anúncio da H&M, também varejista de moda, de que avalia a instalação no país.
VIZINHOS NA FRENTE
O líder da vez é o Chile, onde, segundo o executivo da AT Kearney, o varejo é mais tradicional, com investimentos visando mais a população de classe média e média alta.
“O Chile já estava bem posicionado [era o segundo colocado no ano anterior] e tem a seu favor nível altíssimo de confiança dos investidores, além de baixos risco e saturação de mercado, crescimento econômico na faixa de 4% e com previsão de continuar nesse patamar por algum tempo e capacidade de gasto crescente para o consumidor”, explica Gandolfi.
Em terceiro na lista, o Uruguai foi definido no relatório como “pedra preciosa”. Segundo o diretor da consultoria, o fato de ter zonas francas, com reduzidos impostos sobre produtos comerciados, atrai consumidores também de outros países.
Ali, o maior potencial está nos segmentos de luxo e turístico, pois os consumidores que vão ao Uruguai para compras têm capacidade de gasto alto. “Um consumidor do Brasil pode preferir comprar uma bolsa da Gucci no Uruguai, pois sai mais barato”, diz.
Além do destaque para os vizinhos bem posicionados, na América do Sul há um fato relevante, mas negativo: a exclusão de Argentina e Venezuela da lista neste ano.
Isso ocorreu nessa versão do ranking, segundo Gandolfi, por causa da instabilidade social e política dos dois países, tornando os investimentos em ambos mais arriscados.
(Por Folha de S.Paulo) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM